Em uma disputa de narrativas com o Flamengo de um lado e o Palmeiras do outro, as discussões envolvendo a utilização do gramado sintético tem chamado atenção no futebol brasileiro. Não foi a toa que na quinta-feira (11) o Athletico e outros clubes assinaram um comunicado defendendo esse tipo de campo. Mesmo assim, a CBF decidiu que não irá homologar novos gramados artificiais até nova reunião que deve ser feita até março de 2026, o que foi comemorado pelo clube carioca.

No entanto, Palmeiras e Athletico tem um dado estatístico importante nesta disputa: o número de lesões. Segundo o clube paulista, que publicou um levantamento realizado com dados do Espião Estatístico do GE, o Verdão é o time com menos lesões em média (28) por ano entre 2020 e 2024 envolvendo os dez clubes que jogaram todas as edições da Série A do Brasileirão neste período. E o Athletico vem em segundo nesta lista, com 29,4 lesões em média por ano no período.
Assim, apenas os dois clubes têm menos de 30 lesões por ano em média. Na sequência vem Atlético-MG, Fortaleza, Flamengo, Fluminense, Bragantino, Corinthians e São Paulo. O último do ranking é o Internacional, que, mesmo com o gramado natural do Beira-Rio, registrou 46 lesões em média por ano entre 2020 e 2024.
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No mesmo post nas suas redes sociais, o Palmeiras mostrou dados comparado as lesões no clube com a média europeia para tentar demontrar que o gramado sintético nao é um problema. Por fim, ainda lembrou diversas vezes que até jogadores do Flamengo reclamaram do campo natural do Maracanã.
Outro lado: Flamengo chama de “fim de uma era de atraso”
Em nota oficial, o Flamengo comemorou a suspensão de novos gramados sintéticos e reafirmou a sua posição pelo fim desse tipo de campo em jogos da Série A. O clube carioca ainda chamou de “era do atraso” desde que estes campos artificiais foram permitidos e afirmou quer o “o futuro do jogo é natural”.
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Veja abaixo a nota do Flamengo na íntegra:
“NOTA OFICIAL
FLAMENGO SAÚDA DECISÃO DE CLUBES DA SÉRIE A PELA SUSPENSÃO DE NOVOS GRAMADOS SINTÉTICOS
O Clube de Regatas do Flamengo, fiel ao seu compromisso com a excelência e com a evolução do futebol brasileiro, saúda a decisão da maioria dos clubes da Série A, que, com visão de futuro e responsabilidade em relação ao espetáculo e à saúde dos atletas, decidiram pela suspensão imediata da homologação de novos gramados sintéticos na Série A.
A decisão também reafirma o apoio à iniciativa de se estabelecer, no Brasil, um Padrão de Qualidade de Gramados Naturais de Primeiro Mundo, a ser definido no âmbito do Grupo de Trabalho da CBF a ser formado. A decisão foi tomada no Conselho Técnico da Série A em 11/12/2025.
O Flamengo, que na última segunda-feira protocolou junto à CBF (RGC / REC) um documento técnico com sugestões e análises, tornando pública sua posição pelo fim dos gramados sintéticos na Série A, pela implementação de um rigoroso padrão de qualidade para campos naturais e por uma transição segura e gradativa, recebe com satisfação o avanço do debate iniciado pelo clube e a decisão tomada, entendendo que ela reflete uma evolução necessária para o futebol brasileiro.
O Fim de uma Era de Atraso
A suspensão da aprovação de novos pisos artificiais é um primeiro passo para o reconhecimento fundamental de que:
1. A opinião dos atletas é soberana: O Flamengo sempre defendeu que a voz dos verdadeiros protagonistas, os atletas – que já se manifestaram em peso, inclusive com nomes como Neymar, Gabigol e Thiago Silva –, deve ter peso decisivo. O campo natural é segundo os atletas o único piso reconhecido em todo o mundo como adequado para o futebol de alta performance, assegurando a saúde dos jogadores e a lealdade técnica do jogo.
2. Qualidade inegociável: A justificativa minoritária de que o sintético de “alta performance” supera campos naturais em “más condições” é uma confissão da necessidade urgente de um padrão técnico e de um programa de melhoria da gestão e manutenção de campos naturais no país, e não uma defesa do piso plástico. A solução é investir em manutenção e tecnologia de gramados naturais, conforme o Padrão de Primeiro Mundo que o Flamengo e a maioria dos clubes almejam.
3. A FIFA entende que o gramado sintético não é adequado para competições de alto nível e por isso não o permite em suas competições de primeira prateleira. O Flamengo está interagindo com os principais técnicos da FIFA no tema e, por conta disso, trazendo para Brasil e para o futuro grupo de trabalho um conjunto de estudos do grupo de pesquisas da FIFA que será fundamental para embasar a discussão técnica do assunto.
O Futuro do Jogo é Natural
O Flamengo congratula a CBF por liderar o debate técnico – incluindo o ritmo de jogo e as vantagens competitivas desleais – e, mais crucialmente, por abrir o caminho para um modelo de governança robusto que permitirá a transição obrigatória para o gramado natural em todos os clubes da elite.
O ano de 2026 será o marco da retomada da excelência brasileira, onde o campo poderá ser, finalmente, uma superfície aliada do talento e da técnica, e não um empecilho a ser superado.
O Clube de Regatas do Flamengo reafirma seu compromisso com a modernização, a transparência e, acima de tudo, com a qualidade do futebol praticado no Brasil. O Clube seguirá na vanguarda, colaborando de forma ativa com a CBF e com os demais clubes na definição de um Padrão de Gramados Naturais de Primeiro Mundo, assegurando que o espetáculo em campo esteja à altura da paixão da torcida e da história do futebol pentacampeão”.
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