Curitiba - As SAFs voltaram a ser destaque nesta semana no futebol brasileiro. Os protestos feitos pela torcida do Coritiba contra a gestão da Treecorp, assunto que foi destaque no país na última terça-feira (25), esquentou o tema e o debate.

Debate sobre SAF
Assunto sofre SAF foi amplamente debatido ao longo da semana; especialista tira dúvidas sobre o tema. Foto: Tetê Motta/Jovem Pan News Curitiba

Cada vez mais presente dentro do futebol como um todo, as SAFs são vistas, muitas vezes, como salvação para clubes que enfrentam graves crises financeiras. Contudo, em alguns casos, ela não se torna uma solução agravando, portanto, os problemas internos.

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Durante a semana, Bate Pronto Paraná recebeu em seus estúdios Juvenal Oliveira, assessor de investimentos e especialista no assunto. Em entrevista, o profissional destacou as nuances da maneira de gestão, tal como outros pontos de destaque.

Por que investir em uma SAF?

Juvenal Oliveira respondeu a diversos tópicos durante toda a conversa. Um questionamento comum feito por torcedores ao observarem o clube do coração envolvido em um processo de SAF é: por que investir? A resposta, de acordo com o entrevistado, é simples e direta.

A resposta simples é valorização. No Brasil, aproximadamente 70% da população brasileira acompanha futebol. Temos um potencial aquém do que pode ser explorado no país. Ou seja, ele pode ser muito melhor desenvolvido e explorado, até com possibilidades de criação de uma Liga no futuro.”

Porém, ainda que um investidor possa ser o “cabeça” de determinado grupo, é praticamente impossível que haja um investimento solitário. Portanto, o comum é que empresas aportem dinheiro no clube, tal como no caso do Botafogo.

O clube carioca, atual campeão brasileiro e da Libertadores, recebe investimentos da Eagle Football desde 2022. O grupo tem o norte-americano John Textor como sócio-majoritário. Entretanto, muitas vezes, o investimento inicial não é garantia de sucesso imediato.

Juvenal Oliveira lembra o processo enfrentado pelo arquirrival do Botafogo: o do Flamengo. O clube carioca não é SAF, mas enfrentou, nos últimos anos, processos de dificuldades financeiras e esportivas até o destaque nacional e continental.

“Precisamos ter uma reflexão de que é um novo mercado e ele sempre traz novidades. Sempre falo do Flamengo de 2013. Entre aquele ano e 2019 são seis anos em que o Flamengo teve muitos sofrimentos e algumas crises. Hoje, o clube prospera. O presidente da época (Eduardo Bandeira de Mello) planejou esse crescimento”, afirma.

“Casamento de ideias entre SAFs e torcida é essencial”, afirma Juvenal Oliveira

Ao encontrar investidores interessados em injetar dinheiro na SAF de determinado clube, é necessário cumprir uma etapa essencial dentro do processo: uma espécie de casamento de ideias. Juvenal Oliveira ressalta a necessidade de se entender contextos para efetuar bem o processo, tal como a necessidade de se saber o tamanho das dívidas do clube a ser investido.

Se um investidor compra um clube e ele tem dívida, ele precisa saber disso e dos riscos. Outro ponto é o casamento entre as ideias dele, do clube e da torcida, num geral. Eles enumeram pontos que fazem sentindo entre ambos para tentar ter essa conexão.”

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Entendendo a questão da dívida, Juvenal Oliveira responde a um questionamento pertinente. Ressaltando o fato de que as resoluções de problemas, muitas vezes, não ocorrem de uma hora para a outra, ele lembrou o tópico do fluxo de caixa e, em quantos anos, os resultados efetivamente pode começar a aparecer aos clubes e investidores.

Os novos contextos dos mercados das SAFs e a diferenciação entre razão e emoção

“Muitos contextos que a gente aprende nesse mercado novo, tem muitas empresas que projetam um gasto de fluxo de caixa, entendendo que há algum momento em que ela vai ter ganho. Normalmente, isso é planejado para que ocorra entre três e cinco anos. A ideia é de que, depois disso, o time se torne sustentável. Nenhum investidor bota dinheiro para perdê-lo e ele fica insatisfeito se os resultados em campo não agradam.”

Por fim, Juvenal finaliza a entrevista com uma reflexão: há a grande dificuldade de se distinguir o torcedor razão do torcedor emoção.

Estamos lidando com sentimento dos torcedores. Eu acredito que é uma dificuldade a conexão entre torcedor razão e torcedor paixão O que prefere? Ter um clube que seja campeão e não tenha finanças organizadas ou um time que não vença mas consiga ajustar bem as finanças e afins?”, conclui.

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