Muitas vezes pensamos que jogadores de futebol são super-heróis. Assistimos pela televisão, ouvimos no rádio ou lemos depoimentos de conquistas e feitos incríveis que eles fizeram, e esquecemos do lado humano. Nesta terça-feira (29), dois dias depois de ser campeão inglês, o goleiro Alisson Becker, do Liverpool, escreveu um texto para o site The Players Tribune, em que falou sobre momentos difíceis que passou após perder o pai, em 2021, durante a pandemia de Covid-19.
No meio daquela temporada, momento em que o mundo todo passava pela dificuldade da pandemia, Alisson recebeu um telefone da mãe, contando que o pai tinha mergulhado em uma barragem e morrido, no Rio Grande do Sul.
+Luva de Pedreiro perde processo para ex-empresário e é condenado a pagar quase R$ 6 milhões
Quando recebi o telefonema com a notícia de que meu pai tinha morrido, eu estava a um oceano de distância de casa (…) Ali caiu o meu chão. Não parecia possível que alguém como meu pai pudesse realmente ter morrido. Ele era um “homem de verdade”, como dizem. Um cara muito forte”, escreveu o goleiro.
Funeral à distância
Como o goleiro escreveu, ele estava longe de casa e no meio da pandemia, portanto, ver os familiares e se despedir do pai não era possível naquele momento. Em meio a isso, o Liverpool disputava uma vaga nos quatro primeiros lugares do campeonato inglês e a esposa estava grávida.
“Estávamos bem no meio da pandemia, e a logística de voltar para casa, um pesadelo. Minha esposa estava grávida do nosso terceiro filho, e a Covid-19 estava explodindo novamente no Brasil“, contou Alisson.
O goleiro explicou que o clube concordou em pagar um voo para ele viajar ao Brasil, mas ele recusou, porque não queria deixar a esposa sozinha, e disse que o pai gostaria que ele ficasse com a parceira. “Ela estaria nos últimos meses de gravidez, e tudo poderia acontecer”.
Mesmo sem voltar para o Brasil, Alisson acompanhou o funeral. Com ajuda da tecnologia, ele assistiu a despedida do pai por vídeochamada.
+ Confira o provável time do Athletico para enfrentar o Brusque
“Tivemos que assistir ao funeral dele por ligação de vídeo. Meu irmão segurou o celular durante toda a cerimônia, e eu pude orar e chorar com minha mãe, e até me despedir do meu pai em seu caixão. Naquele momento, por mais estranho que pareça, você esquece que está em uma tela. Todas as suas memórias e seu amor superam a distância, e você está falando com seu pai na eternidade”, escreveu Alisson, em relato emocionante.
Apoio dos companheiros e dos rivais
O hino do Liverpool, intitulado “You’ll never walk alone”, que significa “Você nunca caminhará sozinho”, diz muito sobre o sentimento de união e pertencimento que torcida e todos que trabalham no clube sentem. Na coluna, Alisson conta que jogadores e o técnico Jurgen Klopp prestaram todo o apoio possível a ele naquele momento, mesmo com o clube em uma situação delicada no campeonato.
Notícias Relacionadas
+ Como será o amanhã? Veja desempenho dos times paranaenses na Série B
“A primeira coisa que me lembro foi de todas as flores chegando em nossa casa. De Virgil Van Dijk, do Andy Robertson, do Fabinho, do Roberto Firmino, do Thiago (…) Nunca vou esquecer, Klopp me ligou, e eu estava me sentindo muito culpado por perder o treino, porque estávamos fora das quatro primeiras colocações, e precisávamos de todos os pontos possíveis. Mas Klopp me disse para levar o tempo que precisasse. Eu disse: ‘Sim, mas, mas…’. Ele me interrompeu: ‘Não, não. Não se preocupe com nada'”, revelou.
E o apoio não veio só dos companheiros de equipe. O brasileiro contou que os técnicos Pep Guardiola e Carlo Ancelotti também prestaram condolências.
“Pep Guardiola e Carlo Ancelotti me enviaram cartas de condolências. Isso realmente tocou meu coração”
Alisson fez a “melhor homenagem possível”
Exatos seis dias após o nascimento do filho, o Liverpool precisava ganhar para conseguir uma vaga na Liga dos Campeões e enfrentava o West Bromwich, que já estava rebaixado. Em um jogo em que a “bola não entra”, no final do jogo, o goleiro subiu pra área adversária depois da equipe conseguir um escanteio.
A partida estava 1×1, Alisson subiu de cabeça, e como um atacante, marcou o gol que deu a vitória e a vaga para os “reds”. Fazia três meses que ele tinha perdido o pai, que foi homenageado na comemoração.
De novo? Ancelotti enrola a CBF mais uma vez e não vai mais assumir a seleção
“Pra falar a verdade, como goleiro, você nunca, nunca, nunca pensa que vai realmente marcar um gol. O que sei é que em seguida a bola está vindo na minha direção. Eu viro minha cabeça e caio no chão …Lembro que olhei para o céu e era um daqueles dias cinzentos e chuvosos na Inglaterra. Mas para mim, o céu estava cheio de luz. Eu disse: “Pai…. Pai… É para ti, pai“, encerrou
Um dos gols mais fodas que vi ao vivo.
— Sala12 (@OficialSala12) December 14, 2021
Narração ABSURDA de @_paulo_andrade_ no gol do Alisson. Que momento! pic.twitter.com/v9nN3nSESo
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!
Felipe Valente é especialista em matérias de Esporte, em especial trazendo informações sobre o que repercute na internet sobre times do Paraná, do Brasil e do Mundo.
