Curitiba - Um grupo de sócias e conselheiras do Athletico, integrante do coletivo Atleticaníssimas, enviou um ofício à diretoria administrativa e deliberativa do clube cobrando respostas e mais diálogo com os torcedores. O documento destaca a preocupação com o momento atual do Furacão, tanto no futebol quanto na gestão administrativa.

Grupo Atleticanissimas, formado por torcedoras e conselheiras do Athletico.
Grupo Atleticanissimas, formado por torcedoras e conselheiras do Athletico. Foto: Instagram/@atleticanissimas

No texto, as conselheiras dizem sentir que o Rubro-Negro tem operado de forma “reativa” e sem planejamento estratégico de médio e longo prazos. Entre os pontos que geraram alerta, estão a dificuldade para reforçar o elenco, o orçamento apertado e a falta de integração entre as áreas de marketing, desempenho e formação de atletas.

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Elas também criticam a falta de comunicação entre a gestão e a torcida, além de apontarem a necessidade de resgatar a identidade do clube dentro de campo. “Percebe-se, no momento atual, a ausência de referências técnicas e humanas no elenco profissional”, diz o documento, que cita a falta de jogadores identificados com a camisa e a história do Athletico.

O grupo propôs a realização de reuniões mais frequentes do Conselho Deliberativo, além de sugerir a criação de um fórum permanente para discutir os rumos do clube. Também foi pedida a convocação de uma Assembleia Extraordinária para tratar de assuntos como planejamento esportivo, orçamento e futuro institucional.

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Por fim, as conselheiras disseram que o objetivo do ofício é colaborar com a diretoria e ajudar a construir um Athletico mais forte, transparente e participativo, envolvendo todos os setores do clube e da torcida.

Leia o ofício das torcedoras do Athletico na íntegra:

OFÍCIO Nº 002/2025

Sr. Mario Celso Petraglia
Presidente do Conselho Administrativo do Club Athletico Paranaense

Sr. Aguinaldo Coelho de Farias
Presidente do Conselho Deliberativo do Club Athletico Paranaense

Na qualidade de sócias e Conselheiras do Club Athletico Paranaense, integrantes do coletivo Atleticânissimas, e no exercício das atribuições previstas no artigo 13, inciso II combinado com o artigo 58, inciso IX, do Estatuto Social do Clube, dirigimo-nos respeitosamente a esta Mesa Diretiva para registrar nossa crescente preocupação com o momento atual vivido pelo Clube — tanto no campo esportivo quanto no institucional.

Somos plenamente conscientes dos desafios que envolvem a condução de uma instituição da grandeza do Athletico Paranaense. Reconhecemos os méritos das conquistas recentes e os obstáculos que se impõem diante do cenário econômico nacional e das complexas dinâmicas do futebol. Ainda assim, por compreendermos ser este o papel que nos cabe institucionalmente, não poderíamos deixar de registrar o incômodo que temos sentido diante da percepção de que o Clube vem operando de forma excessivamente reativa, sem diretrizes estratégicas claras de médio e longo prazos.

Este ofício não nasce de impulsos ou pressões externas, tampouco de oportunismos. Ele nasce do compromisso legítimo de conselheiras que vivenciam o Clube dentro e fora das arquibancadas, e que acreditam no poder do diálogo institucional qualificado para enfrentar desafios com transparência, responsabilidade e visão de futuro.

Dentre os pontos que consideramos urgentes e merecedores de análise cuidadosa e coletiva, destacamos:

-A condução estratégica do departamento de futebol e as dificuldades de reposição ou reforço do elenco, mesmo diante de uma estrutura consolidada e reconhecida nacionalmente;

-A política orçamentária atual, especialmente no que tange à definição do teto de gastos e seus impactos diretos na competitividade da equipe principal;

-O modelo de governança e os processos decisórios no âmbito da Diretoria Executiva;

-A integração entre as áreas técnicas, de marketing, de desempenho e formação de atletas;

-O andamento de projetos estruturantes, como o Departamento de Inovação e Futebol (DIF), cujo potencial estratégico é inegável e precisa estar alinhado ao planejamento esportivo do Clube;

-A ausência de um plano de sucessão diretiva amplamente debatido e transparente, pilar fundamental para a continuidade e a estabilidade institucional;

-A preocupação com a visão de futuro do Clube, especialmente frente à descontinuidade ou negligenciamento de projetos relevantes, como a categoria de base, a comissão técnica fixa e o futebol feminino, o que, por sua vez, reforça o sentimento de esvaziamento de iniciativas fundamentais para a imagem e os valores do CAP.

Ressaltamos, ainda, que muitos dos problemas e das polêmicas enfrentadas pela atual gestão decorrem de um modelo de comunicação institucional atravancado, pouco fluido e, por vezes, sem o devido timing. Tal cenário contribui para o distanciamento entre a gestão e os diversos públicos do Clube — conselheiros, sócios, torcida e imprensa — dificultando a construção de consensos e a adequada condução de temas sensíveis.

Outro aspecto que reputamos essencial é o resgate do senso de identidade atleticana, que se constrói também dentro de campo. Percebe-se, no momento atual, a ausência de referências técnicas e humanas no elenco profissional, o que agrava a sensação de que os jogadores atuam unicamente como funcionários contratados a prazo determinado, distantes da cultura, da história e da paixão que mobilizam a instituição e sua torcida. Entendemos que a recuperação desse elo simbólico — com atletas que personifiquem os valores do Clube e estabeleçam vínculos duradouros — é fator indispensável para o fortalecimento institucional e esportivo.

Adicionalmente, entendemos que é indispensável pôr fim à precarização das reuniões do Conselho, que vêm se tornando esporádicas e excessivamente protocolares, esvaziadas de debates propositivos. Propomos que esses encontros sejam resgatados enquanto espaços legítimos de partilha, reflexão e construção coletiva, destinados ao acompanhamento da gestão, à formulação de estratégias e ao desenvolvimento de projetos que possam apoiar o Clube em suas diversas frentes.

Sugerimos, assim, a designação de reuniões mensais do Conselho Deliberativo, de forma ordinária. Na impossibilidade de sua realização presencial ou regular, propomos a instituição de um fórum permanente de atendimento, atualização e troca de informações entre Conselheiros e Diretoria, a fim de assegurar a transparência, o diálogo e o exercício efetivo das atribuições estatutárias dos Conselheiros.

Diante dessas considerações, propomos, de forma respeitosa e construtiva, a convocação de uma Assembleia Extraordinária, com participação dos Conselhos e da Diretoria Executiva, a ser pautada e convocada por esta Mesa Diretiva, com o intuito de enfrentarmos os pontos acima destacados, já que o encaminhamento institucional por parte da Mesa reforça o espírito de unidade e a legitimidade do processo neste momento. Acreditamos que tal encontro pode promover um debate transparente, plural e comprometido com os rumos estratégicos do Athletico.

Reafirmamos, por fim, que este pedido nasce de um lugar de cuidado, pertencimento e responsabilidade. Queremos seguir construindo, junto de todos os conselheiros e dirigentes, um Clube que continue a ser referência em gestão, inovação e identidade. Colocamo-nos à disposição para contribuir com essa agenda e para colaborar com os encaminhamentos que dela possam advir.”

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