Aos 38 anos, Marcelo Portugal Gouvêa tenta seguir os passos de seu pai, homônimo, que guiou o São Paulo rumo a um dos períodos mais gloriosos de sua história, entre 2002 e 2006. Candidato à presidência do Conselho Deliberativo do clube pela chapa Resgate Tricolor, que tem Roberto Natel como candidato à presidência da diretoria, o advogado espera restaurar a função dos conselheiros tricolores e instituir a imparcialidade nos bastidores do Morumbi.
Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Marcelo Portugal Gouvêa deu um exemplo claro sobre as trocas de favores na política do São Paulo e o descumprimento do estatuto do clube, além de detalhar seu plano de gestão para presidir o Conselho Deliberativo tricolor. A assembleia para a escolha do novo presidente do Conselho Deliberativo não tem data definida ainda, mas deve acontecer no dia 28 de novembro. Já as eleições para a presidência da diretoria deverão ser realizadas no dia 12 de dezembro.
“Anteontem teve uma reunião do Conselho Deliberativo e será votada a aprovação de contratos que deveriam estar em vigência só após a aprovação do Conselho Deliberativo, mas já estão em vigor. Ou seja, mais um descumprimento ao estatuto, ainda que os contratos, que eu analisei, sejam de valores muito baixos, não prejudicam o São Paulo. Mas, o estatuto foi descumprido, porque ele determina que os contratos com vigência que ultrapassa o tempo do atual mandato devem ser previamente aprovados pelo Conselho Deliberativo”, revelou o candidato.
“A gente entende que é preciso restaurar a função dos conselheiros, tirar os aspectos políticos, deixá-los só para épocas eleitorais, não deixar com que a política influencie na votação dos conselheiros. Analisei esses contratos e todos os conselheiros que já haviam analisado esses contratos antes de mim, seis no total, eram do grupo Resgate Tricolor [oposição do presidente Leco]. Isso mostra que, provavelmente, todos os conselheiros que apoiam o grupo de situação vão aprovar os contratos sem sequer analisá-los. Isso mostra que o voto dos conselheiros acabam sendo políticos e não técnicos”, completou.
Marcelinho, como também é conhecido no clube, já foi diretor adjunto de futebol entre 2005 e 2009 (Foto: Divulgação)
– Qual será a participação do presidente do Conselho Deliberativo para sanar a grave crise financeira pela qual atravessa o São Paulo? O que está ao seu alcance?
O Conselho Deliberativo recebe uma indicação de orçamento da diretoria depois de passar pelo Conselho de Administração e vota se aprova ou não aquele orçamento. O Conselho Deliberativo terá de analisar o orçamento e ver se está de acordo com a realidade do São Paulo. Hoje, o orçamento está fora do ideal. O São Paulo, nos próximos anos, precisará de uma conduta de rédeas mais curtas. Precisamos controlar o orçamento, fazer com que ele seja cumprido à risca. A diretoria precisa cumprir aquilo que propôs. Se cumprir e for um orçamento que ajude o São Paulo a sair da crise, o São Paulo sairá da crise através da fiscalização do Conselho Deliberativo.
– Ao longo da gestão Leco, o termo “Aero Leco” ficou conhecido pelo fato de o presidente levar alguns conselheiros para as viagens da delegação. Creio que essa não é a primeira vez que isso acontece na história do São Paulo. Um dos desafios dos líderes do novo ciclo político do São Paulo é justamente acabar com essa cultura enraizada da velha política do clube?
Temos que defender o fim da politização de todas as questões envolvendo a gestão. Política no São Paulo tem que ser na época das eleições, a gestão não tem que ser política. Temos que acabar com certas benesses para efeitos políticos. Acredito que tenha algum conselheiro que seja convidado para viajar e que tenha credibilidade para votar contra alguma questão da diretoria. Então, fazendo isso, você acabaria com aquela questão do uso político dessas viagens. O São Paulo não está podendo ter gastos financeiros muito grandes. Acho que você tem que equilibrar isso e acabar com o uso político disso.
O que você diria para o torcedor são-paulino, tão reticente em relação aos candidatos que estão concorrendo nas eleições deste ano, para fazê-lo confiar no seu projeto?
Eu gostaria muito que o torcedor são-paulino acessasse as redes sociais do grupo ao qual eu pertenço, @NovaForcaSPFC, e lá você verá as ideias que são diferentes das de outros grupos políticos. Muitas pessoas nos procuraram, viram nossas ideias e disseram que estão esperançosos com nossos candidatos ao Conselho. Acho que mostrando essas novas possiblidades e pensamentos talvez possamos conquistar votos de pessoas que estão desesperançosas com o São Paulo. O grupo nova Força fez um plano de gestão para a década do centenário com especialistas em cada área, marketing, futebol, jurídico e financeiro. Nos próximos dias vamos começar a divulgar parte desse plano que será apresentado ao presidente da diretoria, seja Roberto Natel ou Julio Casares.
