Curitiba - Na última sexta-feira (24), credores do Paraná Clube participaram de uma Assembleia Geral para votar as mudanças do plano de recuperação judicial do Paraná Clube, o que ocorreu, mas adiu em mais algumas semanas a possível venda da SAF paranista.

Mas o que mais chamou a atenção, em todo o imbróglio judicial, foi o fato de o advogado Henrique Caron, que representa parte desses credores, relatar, no início do encontro, que foi ameaçado por integrantes da organizada do Tricolor, Fúria Independente.
Segundo ele, três torcedores do Paraná Clube foram até seu escritório para intimidá-lo e ameaçá-lo, em uma tentativa de ‘acelerar’ o processo de venda da SAF. Caron faz parte do grupo de credores que propôs as alterações no projeto, para que todos tivessem garantias que as dívidas sejam quitadas.
“Três integrantes da torcida organizada vieram me intimidar no meu escritório na hora do almoço. Enviei os vídeos para o doutor Maurício (Obladen, administrador judicial) solicitando a suspensão da assembleia. Até que ponto nós, credores, temos segurança de nosso direito de fala, escolha e voto? As providências criminais já estão sendo tomadas, agora eu gostaria de uma manifestação do administrador judicial sobre este fato. Eu pedi a suspensão e não recebi a resposta”, afirmou o advogado, no início do encontro.
Caso foi filmado e enviado à Justiça
Inclusive, a assembleia já havia sido marcada de maneira on-line, uma vez que alguns credores alegaram falta de segurança de se reunirem em algum local, com receio que membros da organizada estivesse presentes.
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Apesar do pedido de adiamento, a Assembleia transcorreu normalmente, mas o administrador judicial da Recuperação Judicial, Maurício Obladen, afirmou ter entrado em contato tanto com João Quitéria, que já foi presidente da Fúria e trabalhou no Tricolor, quanto com Carlos Werner, dono do terreno do CT Ninho da Gralha, para falar do que aconteceu.
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“Nós repudiamos qualquer ataque ao advogado no exercício da advocacia. Os vídeos foram encaminhados para a magistrada que preside essa Recuperação Judicial. A orientação dela foi de entrar em contato com representantes da torcida Fúria Independente. Eu fiz isso imediatamente, consegui acesso com João (Quitéria) e também com o Carlos Werner, que tem bastante ascendência sobre o clube e a torcida organizada. Eles se comprometeram em cessar qualquer tipo de ameaça ou constrangimento”, afirmou Obladen
Ameaças da organizada do Paraná Clube já haviam acontecido antes
Este não é o primeiro relato de ameaças por parte da organizada. Anteriormente, em abril desse ano, um grupo de credores e advogados do Paraná Clube alegou ter sofrido ameaças e agressões física e verbais.
Um pouco antes, a Fúria havia publicado uma postagem colocando a responsabilidade do futuro do Paraná Clube nas mãos dos credores. O texto tinha frases como: Nosso futuro agora está nas mãos de outras pessoas, OS CREDORES. São eles que podem invalidar ou não aceitar os acordos para o pagamento das dívidas e fazer com que a negociação não avance” e “Estamos convocado uma verdadeira nação para mostrar que NINGUÉM vai nos impedir de avançar. Só existe uma resposta a ser dada por aqueles que estão com a caneta na mão: SIM”.
Esta última parte, especificamente, foi registrada pelo comitê como uma intimidação, o que levou o pedido na justiça para que o post seja removido em 24 horas, com uma multa de R$ 10 milhões por dia em caso de não cumprimento. Atualmente, a postagem já não aparece mais no feed do Instagram.