Curitiba - De destaque do Coritiba em 2024 a um atleta questionado pela torcida em 2025, Lucas Ronier vive um momento de instabilidade. O ponta-direita de 20 anos, que já foi símbolo de agressividade e criatividade no ataque, agora tem um papel diferente — e essa transformação ajuda a explicar sua queda de rendimento entre as duas temporadas.

Lucas Ronier melhorou o desempenho com a mudança no posicionamento.
Lucas Ronier, atacante do Coritiba. Foto: JP Pacheco/Coritiba

Se antes Ronier era sinônimo de profundidade, dribles e perigo constante à defesa adversária, hoje o mapa de calor mostra outro cenário: mais recuado, centralizado e menos incisivo. Os números reforçam a impressão visual e, mesmo ainda parciais, despertam dúvidas na torcida alviverde.

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Afastamento por impasse contratual marca virada na trajetória de Ronier

Além dos fatores táticos e estatísticos, um episódio extracampo pode ter influenciado diretamente o desempenho de Ronier em 2025. Em junho do ano anterior, o jogador foi afastado do elenco principal do Coritiba após um impasse na renovação contratual. Embora clube e atleta tenham chegado a um acordo verbal para estender o vínculo até dezembro de 2026, o staff do jogador não formalizou a assinatura, alegando divergências em cláusulas específicas do contrato.

Como resposta, o Coxa exerceu uma cláusula de renovação automática até o fim de 2025, mas essa extensão também não foi assinada. Diante do impasse, o clube optou por afastá-lo temporariamente dos treinos e jogos. De lá pra cá, a queda de rendimento ficou evidente.

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Até então, o camisa 11 tinha disputado 18 jogos, com três gols e duas assistências. Depois disso, foram 42 confrontos, com seis gols e quatro assistências.

Mapa de calor de Ronier no Coritiba também ajuda a entender baixa na Série B

Em 2024, o camisa 98 atuava praticamente colado à linha lateral. Tinha liberdade para encarar o marcador no mano a mano, com alto índice de sucesso nos dribles. Foram seis gols e cinco assistências em 35 jogos — um ponta clássico, vertical e perigoso.

Em 2025, o cenário mudou. O mapa de calor indica um jogador mais disperso, que transita pelo meio-campo e participa da construção, mas raramente pisa na área. O reflexo? Nenhum gol, nenhuma assistência e nenhuma grande chance criada nos sete primeiros jogos da Série B.

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Essa queda ofensiva coincide com um leve crescimento na participação sem bola. Em 2025, Ronier aparece mais vezes nas zonas intermediárias e defensivas, indicando maior envolvimento na fase de recomposição. Houve um aumento no número de interceptações e ações defensivas, mas ainda pontuais.

Imagem: Sofascore

Sua contribuição nesse aspecto não chega a ser determinante e está longe de caracterizá-lo como um jogador de forte impacto defensivo. Ele participa mais da estrutura coletiva, mas não o suficiente para compensar a perda de agressividade no último terço.

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Os dados utilizados nesta análise foram coletados exclusivamente na Série B das temporadas de 2024 e 2025. As estatísticas — como gols, assistências, duelos e dribles — são do site Sofascore, referência em dados de futebol. Já os mapas de calor, retirados do mesmo site, visualizam as zonas de atuação, ajudando a interpretar as mudanças no estilo de jogo.

“Apagão” de Ronier levanta críticas da torcida alviverde

Para o torcedor do Coritiba, a sensação é clara: Ronier desapareceu. Nas arquibancadas ou nas redes sociais, o que pesa são os números — e eles indicam queda de produção. No entanto, o futebol moderno exige mais que estatísticas frias. Ele exige contexto.

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Diante do novo posicionamento no mapa de calor — mais centralizado e distante da linha lateral —, levanta-se a hipótese de que Ronier esteja sendo testado como um elo de ligação entre os setores. Essa função, mais associativa e voltada à construção, pode ainda não estar plenamente consolidada, e pode ser uma tentativa de reposicionamento dentro do modelo tático atual. No entanto, a falta de fluência nesse novo papel reforça a sensação de desconexão com o jogo ofensivo.

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