Curitiba - Não é fácil ser ídolo de um clube. Quem dirá de dois e, justamente, rivais. Ex-zagueiro de Athletico e Paraná Clube, Nem fez história com as duas camisas. Pelo Tricolor, participou do histórico time campeão do Módulo Amarelo na Copa João Havelange de 2000. No Furacão, era titular no time campeão brasileiro de 2001.

Nem fez história por Athletico e Paraná Clube. (Foto: Isabelly Padilha/RIC)

Em entrevista ao Bate Pronto Paraná desta quarta-feira (16), Nem, atualmente com 52 anos e que trabalha em uma empresa que realiza a agência de atletas, contou histórias do mundo da bola. Dentre as mais marcantes, uma provocação ao ex-atacante Romário e algumas das promessas pagas entre os jogadores do time campeão pelo Athletico em 2001.

A eliminação polêmica com o Paraná Clube e a provocação ao Romário

Após passagens por Botafogo-SP, São José-SP e XV de Piracicaba-SP, Nem chegou ao São Paulo em 1996. Antes titular, acabou perdendo espaço e foi emprestado ao Paraná Clube em 2000. No Tricolor paranaense, Nem fez parte de um dos grandes times da história do clube, que conquistou o título do Módulo Amarelo da Copa João Havelange, o equivalente hoje a Série B do Brasileirão.

Naquela edição inusitada do campeonato nacional, que contou com 116 clubes, os classificados de cada módulo se enfrentavam no mata-mata. Com isso, o Paraná poderia ter sido campeão de duas divisões no mesmo ano. Porém, no mata-mata, após eliminar o Goiás, o time paranaense encontrou o futuro campeão, o Vasco.

+ Athletico perde artilheiro por pelo menos três semanas e esquema da equipe pode mudar

O jogo com o time carioca, que tinha uma das equipes mais fortes do Brasil, foi recheado de polêmicas e histórias curiosas. Nem relembra o clima difícil que encontrou com o Paraná Clube no primeiro jogo da série, disputado no estádio São Januário. Dentre eles, as condições colocadas para se dificultar a vida dos visitantes.

A nossa eliminação para o Vasco foi injusta. O Romário e o Eurico Miranda (histórico presidente do Vasco) resolveram a vida no Rio de Janeiro e dificultaram a nossa situação. Eu tenho muitas histórias com o Eurico Miranda. Ele trancava os times visitantes naquele vestiário apertado de São Januário. Jogavam bombinha e gás de pimenta. Tenho certeza que, se a gente tivesse passado, teríamos vencido as outras fases da Copa João Havelange.

A derrota por 3 x 1 no jogo de ida, com direito a dois gols de Romário, ficou marcada ainda por outro momento: uma provocação feita por Nem ao “Baixinho” que, nas palavras do próprio ex-zagueiro, foram uma “imbecilidade”.

Eu cometi uma imbecilidade de falar que eu jamais tinha tomado um gol do Romário. E aí chega, pelo Vasco, ele mete dois gols. Já fiquei arrependido. No final do jogo, ele me deu a camisa dele e falou pra mim: “Agora tu não esquece que eu já fiz gols em você”. Admito: ele foi o cara mais difícil que eu tive que marcar no futebol”.

+ Ídolo de Athletico e Paraná, Flávio Pantera morre aos 54 anos

Apostas e bastidores de time histórico do Athletico de 2001

O destaque no Paraná Clube levou Nem ao rival Athletico, em 2001. No Furacão, o zagueiro fez história e participou da conquista do maior título da história do clube: o Brasileirão daquele ano. O início irregular foi superado com uma reta final exemplar. No mata-mata, o Furacão passou por São Paulo, Fluminense, e, na final, o São Caetano.

Baseando-se no ditado “a união faz a força”, Nem conta detalhes de uma aposta feita entre os jogadores do setor defensivo e os do ofensivo que, no fim, ajudou demais o Athletico a ser campeão naquele ano.

+ Torneio que dará vaga na Copa do Brasil tem prazo de inscrições definido

A gente apostava com os atacantes. Eu chegava nos caras, o Alex, o Kléber, o Gabiru e o Kleberson e falava: se vocês marcarem os gols, alivia muito o nosso trabalho. O clima daquele time de 2001 sempre foi muito bom, a gente se provocava, pagava churrasco inclusive (risos). E nós, da defesa, pagamos muitos (risos)“.

A confiança de um setor com o outro era tão grande que Nem sempre teve certeza do título brasileiro do Athletico, muito antes, inclusive, da disputa da grande decisão.

Entramos nos dois jogos da final contra o São Caetano sabendo que seríamos campeões. Eu já falava isso pro grupo desde o início do mata-mata. Não tinha um time melhor ou mais forte do que o nosso. A única equipe que avaliávamos que poderia nos causar encrenca era o São Paulo. Mas, quando a gente pegou o time deles, arrumamos uma estratégia e anulamos o Kaká no jogo. Quando chegamos na decisão… a gente se divertiu. Superamos as adversidades, como os fogos que a torcida do São Caetano soltou na frente do nosso hotel.

+ Torcedor do Sport com “antecedente criminal” dá tapa em Pablo, ex-Athletico

Nem lembra amizade com histórico goleiro

A morte do ex-goleiro Flávio abalou o futebol paranaense no último domingo (13). Assim como Nem, o arqueiro se tornou ídolo de Athletico e Paraná Clube e jamais esqueceu a capital paranaense. Após perder longa batalha para o câncer, Flávio deixou uma legião de fãs e amigos, tanto dentro, quanto fora dos campos. Um deles foi Nem, que relembrou um bastidor curioso com o Pantera.

+ Adeus, Flávio Pantera: homenagem a um vencedor

“O Flávio era um amigo particular nosso. Ele era um cara curioso porque, eu me lembro uma vez… fomos fazer um jogo em Francisco Beltrão e quase caímos na porrada (risos). Ele nunca queria que a bola chegasse nele, sempre pedia pra defesa cortar. E eu discuti com ele, dizendo que “ele não precisava estar ali”. Foi maravilhoso ter ele como amigo, mas, infelizmente, essa doença é muito complicada. A gente tentou ao máximo ajudar”, lamentou.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!