Curitiba - Nos últimos meses, após a frustrante disputa do Campeonato Paranaense, o torcedor do Paraná Clube só pensa em um assunto – a venda da SAF para um investidor que possa reerguer o Tricolor. O tema provoca discussões e angustia a galera, que deseja ver um desfecho para esta novela diferente do que se apresenta hoje.

Faltam pouco mais de dois meses para que o clube deposite a primeira parcela da recuperação judicial (RJ), que chega perto dos R$ 20 milhões. E, até agora, nada indica que haja condição para este pagamento.
+ Confira todas as notícias do Paraná Clube no RIC.com.br!
Esta parcela, a maior de uma RJ que totaliza R$ 130 milhões, venceria na verdade em agosto de 2024, mas os credores aceitaram um adiamento do pagamento para que fosse encontrada uma solução não só para os R$ 20 mi, mas para toda a dívida do Paraná e para a reconstrução do clube. Mas se até o final do ano passado os bastidores eram tranquilos, com Tricolor e credores concordando na maioria das vezes, a relação azedou neste ano.
+ Paraná Clube vê dívida aumentar em mais de R$ 8 milhões em 2024, mesmo como lucro no futebol
A dificuldade de negociação com a diretoria do Paraná Clube – e, em especial, com o empresário Carlos Werner, espécie de mecenas tricolor – gerou reclamações dos credores. Entre os dois lados, há um ponto que complica qualquer entendimento atualmente. Do lado paranista, a venda da SAF (e qualquer outro fato que injete dinheiro) tem como objetivo principal a ‘refundação’ do Tricolor, o que implica em investimento no futebol. Do lado dos mais de 400 credores, o que importa é a quitação dos débitos, num valor já reduzido pela recuperação judicial.
A proposta de SAF
Há um mês, o presidente do Paraná Clube, Aílton Barbosa de Souza, disse em entrevista ao site UmDois Esportes que uma proposta de compra da SAF estava em mãos da diretoria, inclusive já tendo sido aprovada no Conselho Consultivo. Entretanto, os credores rebateram em manifestação no processo da RJ, que tramita na 1ª Vara de Falências de Curitiba, dizendo que não haviam sido informados oficialmente da proposta e relatando ameaças nas redes sociais.
De lá para cá, o Paraná Clube se fechou em copas. Apesar de ele mesmo ter anunciado a proposta, o presidente disse dias mais tarde, ainda em abril, que não poderia se manifestar.
A sede do Paraná Clube
Na semana passada, o Ministério Público do Paraná se manifestou nos autos de recuperação judicial do Paraná Clube. E abriu uma nova possibilidade dentro do processo. A visão do MP é de que, apesar da área da sede da Kennedy ter sido doada pela Prefeitura de Curitiba e, por isso, seria inalienável (não poderia ser vendida, leiloada ou penhorada), a situação tricolor permite uma reavaliação.
Primeiro porque a área, doada inicialmente em 1949, teve sua finalidade desportiva cumprida nos últimos 76 anos. Segundo, e mais importante, porque uma possível venda da área permitira ao Paraná Clube pagar as dívidas, evitar uma falência e manter as suas atividades. Caso a argumentação do MP seja aceita pela juíza Mariana Gusso, seria possível tanto a área ser leiloada judicialmente, vendida para interessados para outros fins que não o desportivo ou mesmo incluída na venda da SAF com a possibilidade de venda posterior.
Isto muda a SAF?
O fato novo pode provocar uma inflexão no interesse da venda da SAF do Paraná Clube. De um lado, um leilão judicial (interesse dos credores) enfraqueceria o ‘cardápio’ tricolor. Mas, em contrapartida, uma venda da área e a quitação de boa parte das dívidas faria o clube ser mais atrativo para investidores, pois o passivo seria radicalmente reduzido.
É uma reviravolta digna de novelas de TV. Imediatamente ela não gera mudanças, pois o Paraná Clube vai disputar com sua base a Copa FPF, que deve começar em agosto, vai ter que jogar a segunda divisão estadual em 2026 e precisa pagar a primeira parcela da recuperação judicial. Mas os bastidores certamente ficarão mais agitados, e as surpresas podem sacudir ainda mais essa história.
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!