“Futebol é uma coisa que eu sempre sonhei em fazer. Nada é sacrificante pra mim. Adoro treinar, adoro jogar, adoro viajar. Não tenho um objetivo certo. Quero jogar, me divertir e ser campeão. É isso que é legal. Eu converso com os moleques da base, todo dia, e falo: ‘eu já ganhei tudo. Eu não posso ter mais fome que vocês, mais vontade de treinar e de querer conquistar’”.
A declaração é de Fábio Santos, 35 anos, bicampeão da Libertadores, bicampeão do Mundo, tricampeão Brasileiro, bicampeão Paulista, bicampeão Mineiro e campeão Gaúcho e da Recopa Sul-Americana.
Nas palavras de Vagner Mancini, o lateral é o maior responsável, dentro de campo, pela recuperação do sistema defensivo do Corinthians. Não chega a surpreender, mas, quem diria que uma contratação tão importante como esta seria tão simples de ser concretizada? Pois é. Foi “simples”, como conta o próprio Fábio Santos nesta entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.
“A gente (ele e Duílio Monteiro Alves) já tinha se falado no meu aniversário. Ele me ligou, a gente tinha conversado sobre família, amigos e eu brinquei: ‘E ai, quando a gente vai trabalhar junto de novo?’. Ele disse: ‘você não tem coragem de voltar’. E eu falei para ele que era só o Corinthians querer. Depois de um tempo, ele me disse: ‘chegou o momento’. E eu logo falei: ‘vou voltar!’. Ele até se assuntou: ‘Está falando sério? Não é tão simples assim’. Mas, eu falei para ele: ‘Você não quer que eu volte? Então, vou voltar’. No mesmo dia, falei com o (Alexandre) Mattos, com o Sampaoli, com meu empresário, falei que queria voltar, e foi muito simples” (risos).
Salários atrasados, elenco longe da qualidade de outrora e realidade distante da ambição por títulos. Cenário que levaria qualquer profissional a, no mínimo, refletir com calma sobre a oportunidade, certo? Nem sempre.
“Realmente, jogador se fala, sabe quem está pagando, quem não está pagando, quem vai brigar para cair, quem vai brigar por título, mas a minha situação é diferente. Eu já tenho história no clube. Não teve um dia que não pensei em voltar. Quando apareceu a oportunidade, o que eu menos pensei foi nessas coisas. Eu só queria retornar, sempre gostei daqui, até como gratidão também. Seria impossível recusar”.
Também nunca houve vontade de sair. Em 2015, em meio a uma campanha história no Campeonato Brasileiro com a camisa alvinegra, o paulistano se mudou para o México.
“A gente estava na metade de 2015 e meu contrato se encerrava no final do anos. Eles deixaram claro que não sabiam se ia renovar por problemas financeiros, e me deixaram à vontade. Apareceu uma proposta do México e me deixaram à vontade. Não teve nenhuma proposta ou esforço para que eu continuasse, eles não podiam prometer nada, a crise era grande, e aconteceu. Eu não podia esperar seis meses para saber se ia dar para ficar ou não”.
Tite e o melhor time
Os três primeiros anos de Fábio Santos com a camisa 6 do Timão foram preenchidos com cinco títulos. Entre estes momentos, dois dos mais importantes da história de 110 anos do clube. Nenhum deles, entretanto, com a capacidade coletiva da equipe de 2015, como explica um dos personagens daqueles esquadrões.
“Tecnicamente, o de 2015 era melhor. Na questão da competitividade, vontade de vencer, a equipe de 2012 era mais fria, sabia bem o que fazia. Em 2015, era qualidade técnica pura. Aquele era o melhor Corinthians. Acabou não ganhando a Libertadores, mas era o melhor”.
Diferenças e evolução que caminharam paralelamente ao desenvolvimento de Tite como técnico de futebol.
“No dia-a-dia não mudou em nada. Mas, em 2014, ele estudou, tentou evoluir. Ele sempre foi conhecido pela parte defensiva sólida, mas faltava repertório na parte ofensiva. Ele ele evoluiu nesse sentido. A característica dos jogadores também mudou, mérito dele saber colocar. Nosso time, em 2015, era Renato (Augusto) e Lodeiro. O Lodeiro foi embora e abriu a possibilidade de Renato e Jadson, que em 2014 o Mano tinha resistência em colocar juntos. Mérito do Tite”.
Tite, o grande mestre