O presidente da Fifa, Joseph Blatter, diz não saber nada sobre o escândalo da venda ilegal de ingressos da Copa dentro do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde ele está hospedado junto com a cúpula da Fifa. Segundo as investigações, o esquema envolve funcionários da própria Fifa e da Match, a empresa que tem como um de seus sócios o sobrinho de Blatter Phillip Blatter.

“Eu não sei de nada disso. Eu não me ocupo de ingressos”, declarou, colocando as mãos abertas para cima e dando um passo para trás. “Eu lido com política”, declarou.

A polícia suspeita de que a quadrilha presa com dezenas de ingressos para a Copa do Mundo operava em coordenação com funcionários da Fifa. As revelações causaram um terremoto dentro da entidade, que foi pega de surpresa diante do escândalo.

Blatter, nos bastidores, passou a exigir que o caso seja resolvido o mais rapidamente possível. Mas a versão oficial é de que o caso não passa por enquanto de “rumores”.

“Não temos nada a comentar por enquanto. Existem muitos rumores circulando. Vamos esperar uma reunião com a polícia para termos detalhes da operação”, disse a porta-voz da Fifa, Delia Fischer.

O esquema milionário de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo, desarticulado pela operação “Jules Rimet”, era comandado por um integrante da Fifa. Na quadrilha, o membro da Federação está acima do franco-argelino Lamine Fofana, de 57 anos, preso terça-feira no Rio, que rodava pela cidade com carro oficial da Federação e tinha trânsito livre pela entidade. Só no Mundial do Brasil, a quadrilha faturava R$ 2 milhões por jogo.

Até agora, 11 pessoas foram presas. Outras sete (todos brasileiros) estão sendo investigadas e, segundo o delegado, o grupo envolvia pelo menos 30 integrantes, muitos no exterior, já que a quadrilha agiu nas últimas quatro Copas do Mundo. Dos 50 mil registros de ligações gravadas, metade ainda não foi analisada – o que pode, esperam os investigadores, resultar em novas prisões. Na delegacia, todos os presos se negaram a prestar depoimento. O delegado já pediu prorrogação da prisão temporária, por mais 5 dias.