Peres analisa momento crítico no futebol em meio ao coronavírus (Foto: Divulgação/Pedro Ernesto Guerra Azevedo)

O presidente do Santos, José Carlos Peres, fala em prejuízo de 70% nas receitas do clube em meio à paralisação no futebol brasileiro por conta do novo coronavírus.

O Peixe ainda negocia com comissão técnica e elenco uma redução salarial para tentar diminuir o prejuízo e manter o vencimento dos funcionários. A Gazeta Esportiva conversou com o capitão Carlos Sánchez nesta segunda-feira e, até o momento, não há um acordo.

“Primeiro mês de março foi pago direitinho. E agora estamos conversando sobre abril e maio. Discussão é difícil porque não sabemos o que vem pela frente. Discutimos sobre abril que vence em maio, conversamos com os jogadores e sabemos que essa conta não deve ser paga por um só. Coletivamente: padrão, empregado, empresas parceiras… Buscamos agora um percentual. Não dá para fazer coletivo, cada clube tem sua característica e relação com os jogadores. Cada clube negocia para saber a divisão de prejuízo. Para o clube já é 70% do prejuízo das receitas”, disse Peres, ao Bandsports.

“É uma mecânica: a partir do momento que a Globo não fatura, ela não paga. Cessou o pagamento da última parcela do Campeonato Paulista, por exemplo. E é efeito dominó. Patrocinador não paga, Globo corta. Existe um ciclo vicioso dos clubes sobre a retirada do torcedor do estádio e eles foram para o sofá. Ficamos dependentes da televisão. É a realidade. Departamento de futebol está entre 85 e 90% de todo o clube. Sem faturamento para pagar, fica difícil. Clubes têm dificuldade há anos, sempre no toco, recebe para pagar. Se falha um mês, tem dificuldade. Precisamos ter criatividade e apoio dos atletas, comissão e funcionários, com todos em consciência na crise surreal, uma calamidade pública. Jamais imaginei que sairia dos filmes para a realidade. Todo mundo vai entender que todo mundo vai perder nessa crise. E é preciso ter divisão nos prejuízos. Não tem como uma parte só ter o prejuízo”, completou.

O presidente do Peixe ainda disse que não há clube preparado para esse momento e quer o fim do Campeonato Paulista ainda nessa temporada.

“Não há nenhum clube estruturado para uma crise como essa. Ninguém esperava, nem em sonho. Vem uma crise, abala todo mundo, abala os clubes. Clubes grandes como Flamengo e Palmeiras, mais estruturados, com problemas. Quanto maior a despesa, maior a crise. Santos, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Vasco e outros estão no mesmo nível para encarar essa pandemia e que sirva de oportunidade para arrumar o futebol de fato. Já teve guerra e Brasil se recuperou. Brasileiro tem capacidade de recuperação impressionante. Eu entendo que faremos um futebol mais forte depois dessa crise e teremos tamanho de acordo com cada um. Não dá para sonhar com o que nós temos. Será momento de arrumação para todos os clubes”, analisou.

“Não se sabe até onde vai esse vírus. Vírus que colocou o mundo de joelhos. Ninguém sabe quando o futebol vai voltar. Estamos planejados, pensamos na primeira quinzena de maio voltar para matar o Campeonato Paulista. Agora é mata-mata, mais rápido, e iniciar o Campeonato Brasileiro. Só que para planejar, é preciso ver o cenário. E cenário é horrível, não se sabe quando termina. Tenho amigos que são médicos e acham que antes de agosto ou setembro é improvável voltar o normal. Nem chegamos no pique ainda”, emendou.

José Carlos Peres ainda comentou sobre o papo entre os clubes, Federação Paulista e Confederação Paulista de Futebol.

“CBF nos contatou, conversamos com Walter Feldman e ideia é concluir a competição com 38 rodadas. Existe projeção de começar em junho pela CBF e teríamos até dezembro para concluir (o Campeonato Brasileiro). Competições vão encavalar e haverá muito prejuízo. Estamos conversando bastante, todo dia fazendo videoconferência com CBF e Federação Paulista. Precisamos terminar o Campeonato Paulista, é um dos mais valiosos produtos do futebol brasileiro. Houve desmanche no Água Santa, Santo André e outros times, mas faltam duas rodadas e depois é mata-mata rapidinho por uma final. Não usaremos muitas datas. Precisamos acima de tudo da normalidade ou pelo menos próximo disso”, concluiu.