Curitiba - Após a derrota por 2×0 para o Coritiba, no último sábado (15), o presidente do Paraná Clube, Ailton Barboza de Souza, expôs diversos problemas internos, que culminaram no rebaixamento da equipe para a segunda divisão do Campeonato Paranaense. E um deles foi o mais preocupante.

Ao tentar explicar a demora para recalcular a rota ao longo do Estadual, principalmente na troca do comando técnico, ao trocar Argel Fuchs por Tcheco, o dirigente admitiu que o futebol em si não é a principal prioridade da diretoria, uma vez que todos contam com outras obrigações.
“O fato é que não somos do meio, temos várias outras atribuições e não podemos estar no dia a dia. O que acontecia efetivamente não tínhamos esse domínio para corrigir as rotas. Quando vimos, tentamos mudar, mas não tinha tempo. O Tcheco já assume o clube jogando três partidas em seis dias, sem condições de qualquer ajuste. Tivemos que confiar nas pessoas e as coisas não aconteceram”, relatou ele.
Paraná Clube precisava de alguém do futebol na diretoria
E aí é que mora o principal problema do Paraná Clube. Quando o próprio presidente assume não ser do meio do futebol, o cenário é catastrófico. É preciso alguém específico para cuidar do futebol paranista, o que não aconteceu. E, com isso, tomadas de decisões equivocadas aconteceram no meio do caminho.
Uma delas foi permitir que Argel seguisse no cargo mais uma rodada, após discussão agressiva nos vestiários em Pato Branco, após a derrota para o Azuriz. Ali era motivo para a mudança, mesmo que os jogadores tenham pedido pela permanência. Faltou pulso firme para colocar ordem na casa.
“Tem fatores internos que às vezes a gente tenta resolver para não piorar. O que aconteceu foram coisas que não estavam relacionadas à montagem do elenco. E ás vezes temos que ouvir um pouco o vestiário. Estávamos ali, demos todas as condições de trabalho para todos. Mas se você sai de um jogo, dois dias depois tem uma partida, não estávamos em casa, tivemos uma conversa e um pedido dos próprios atletas, para tentar resolver, mas se não desse certo teríamos a mudança, tanto que o treinador se antecipou”, argumentou Barboza.
Erros estavam escancarados
O que faltou ao Tricolor foi ter uma pessoa da diretoria ligada diretamente ao trabalho nos treinamentos. Argel foi anunciado no dia 11 de novembro, exatos dois meses antes da primeira rodada do Campeonato Paranaense. Foram 60 dias entre montagem de elenco, pré-temporada e atividades até a estreia.
Nesse meio do caminho, já dava para perceber os erros da estratégia. O Paraná Clube não ganhou nenhum jogo-treino que fez na preparação, contra Marcílio Dias, Joinville e Barra. Ali já era para se ligar o sinal de alerta.
Depois, nos jogos, a equipe começava bem, com um primeiro tempo forte, marcando em cima, anulando o adversário e sendo superior, mas praticamente abdicava de jogar na etapa final, por não ter condições físicas para seguir no mesmo ritmo. Com isso, deixou pontos valiosos pelo caminho, que fizeram falta no final. Mais falhas de preparação, que gritavam por mudanças.
“Não estou me eximindo jamais de culpa. Todos estão cientes do que aconteceu, inclusive dificuldades que tivemos para jogarmos em alguns campos, arbitragem que foram contrárias à gente, mas isso não se justifica. O fato é que não adianta querer responsabilizar terceiros. Os responsáveis somos nós mesmos e temos que resolver da melhor maneira possível esse dano causado ao clube“, disse o presidente paranista.
O que é preciso entender é que o Paraná Clube está em recuperação judicial e tem um administrador judicial. Temos os credores buscando receber o que é de direito. Como administra um clube dessa forma, precisando performar e dar essas satisfações? Isso atrapalhou na montagem do elenco. Vínhamos de uma série de assembleia de credores, pedindo mais 30 dias e depois mais 30. O prazo em si foi muito curto para a montagem do elenco”, completou o dirigente.
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