O impedimento é uma das regras mais polêmicas do futebol. Embora pareça simples, confunde torcedores, jogadores e até comentaristas. Entender essa regra ajuda a acompanhar melhor o jogo e discutir com mais propriedade.

A regra básica do impedimento
O jogador está impedido quando está mais próximo da linha de fundo adversária do que o penúltimo defensor, incluindo o goleiro, no momento em que um companheiro de equipe faz o passe. Se estiver atrás bola ou atrás do penúltimo defensor, está em posição legal.
A posição de impedimento
Nem toda posição de impedimento é falta. A infração só ocorre se o jogador participar da jogada. Ou seja, ele precisa tocar na bola, interferir no adversário ou tirar vantagem da posição.
Os braços não são considerados na hora de analisar a posição de um jogador. Os ombros ou pernas dos jogadores é que são o limite de uma linha de impedimento.
Quando não há impedimento
Em alguns casos específicos, o impedimento não é marcado, mesmo com a posição irregular de um jogador. Por exemplo, quando o jogador recebe a bola em cobrança de lateral, tiro de meta ou escanteio. Nesses lances, não importa sua posição: ele pode estar sozinho diante do goleiro.
Um caso famoso que explica as excessões da regra envolve Ronaldinho Gaúcho. Em uma partida entre Atlético-MG e São Paulo pela primeira rodada da Libertadores em 2013. Na ocasião, Ronaldinho, meia do Galo, se aproximou do goleiro são-paulino, Rogério Ceni para pedir uma água pouco antes de uma cobrança de lateral do Atlético.
Depois de beber a água trazida por Rogério, Ronaldinho recebeu a bola sozinho, atrás de toda a defesa do São Paulo. Ele então tocou para Jô marcar o gol atleticano, tudo dentro da regra.

Como a infração é marcada?
Quando o jogador comete impedimento, o árbitro assistente, conhecido como “bandeirinha”, levanta a bandeira. Em seguida, o juiz interrompe a partida. A equipe adversária ganha um tiro livre indireto no local da infração. Hoje, com o árbitro de vídeo (VAR), a análise é mais precisa.
O papel do VAR no impedimento
O árbitro de vídeo ajuda a identificar impedimentos milimétricos. Linhas virtuais mostram a posição exata dos jogadores. Com o recurso tecnológico, os bandeirinhas são orientados a assinalar alguma infração somente após o término da jogada.
No Brasil, o VAR ainda utiliza da tecnologia das “linhas traçadas”. Nesse caso, os árbitros na cabine de VAR traçam manualmente as linhas para checar uma possível marcação de impedimento. Por se tratar de uma tecnologia dependente do ábritro, ainda é passível de erro humano, gerando polêmicas em certas vezes.

Em algumas ligas da Europa e nos campeonatos mais importantes do mundo, já é utilizada a tecnologia de impedimento semiautomático. Esse recurso funciona com base em câmeras posicionadas estrategicamente nos estádios para mapear a posição da bola e dos jogadores a todo instante, tendo a capacidade de diferenciar 29 pontos específicos do corpo de cada atleta, 50 vezes por segundo. A bola também é equipada com um sensor para definir com exatidão o momento em que um jogador toca a bola.
O impedimento semiautomático diminui consideravelmente o tempo necessário para a checagem de uma possível posição de impedimento e se aproxima do “erro zero” para este tipo de caso.
O raciocínio da regra
A ideia do impedimento é evitar vantagens injustas. Sem essa regra, atacantes poderiam ficar “plantados” na frente do goleiro. Isso tornaria o jogo desequilibrado e pouco estratégico. A linha de impedimento obriga movimentação e inteligência tática.
Mudanças recentes e debates
Nos últimos anos, a FIFA testou ajustes na regra. Uma proposta previa que o atacante estivesse impedido apenas se todo o corpo estivesse à frente. A mudança visava reduzir impedimentos milimétricos, possibilitando mais gols durante um jogo. Por enquanto, a entidade não adotou nenhuma mudança na regra.
Dicas para entender no jogo ao vivo
Fique de olho na linha defensiva. Veja o momento exato do passe e a posição do atacante. Casos em que o jogador chega muito na frente dos defensores adversários, são muito prováveis de serem impedimentos.
O impacto no estilo de jogo
Clubes modernos usam o impedimento como arma. Defesas sobem a linha para pressionar o adversário. Treinadores treinam esse movimento com precisão. Um passo errado pode custar o jogo. Um passe bem cronometrado, no limite da regra, pode decidir uma final.
Um exemplo disso é o Barcelona da temporada 2024/25, em que o treinador Hansi Flick orienta os defensores a propositalmente deixarem os atacantes adversários em posição de impedimento. Em uma partida contra o Real Madrid, pelo campeonato espanhol, o Barça venceu por 4×0, com incríveis 12 impedimentos marcados contra o time adversário.
*Com supervisão de Erick Mota
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