Pelo menos dois tremores de terra já assustaram moradores da cidade, causando até rachaduras nas paredes de algumas casas

Técnicos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) se reuniram na manhã desta terça-feira (06) com autoridades de Londrina, na região Norte do Paraná, para definir os pontos estratégicos para o estudo e acompanhamento dos tremores percebidos no Jardim Califórnia, região leste da cidade.

Estavam presentes no encontro o secretário municipal de Defesa Social e coordenador da Defesa Civil de Londrina, Rubens Guimarães; o gerente-geral da Sanepar, Sérgio Bahls; e o geólogo da Universidade Estadual de Londrina (UEL), José Paulo Pinese.

A Prefeitura de Londrina afirma que está fornecendo toda a logística necessária aos profissionais do Centro de Sismologia da USP, que chegaram à cidade na tarde de terça-feira (05).

Durante a reunião, o grupo definiu o local onde serão instalados os quatro sismógrafos. O primeiro deles foi colocado na base da Guarda Municipal, próximo ao Lago Igapó II. Os outros três serão instalados em um raio de cinco quilômetros do epicentro do tremor, em local abrigado, onde não ocorram interferências que possam atrapalhar a pesquisa científica e o registro dos dados. Os técnicos ainda não têm uma data definida de permanência dos sismógrafos, que vão registrar a movimentação geológica da cidade.

Segundo o geólogo José Paulo Pinese, os equipamentos auxiliarão os profissionais na verificação das informações e refinamento dos dados acerca da profundidade focal dos tremores, a origem exata e o motivo dos abalos sísmicos. “Estamos trabalhando em cooperação com o Centro de Sismologia da USP, uma vez que na Universidade Estadual de Londrina não temos estes equipamentos. Os primeiros dados mostram uma característica de origem natural, mas podem haver alguns indícios de atividade antrópica”, explicou.

De acordo com o engenheiro eletrônico do IAG/USP, Luis Galhardo, tremores como os registrados em Londrina são comuns no Brasil. “Os tremores existentes aqui, também são comuns em outras cidades como no interior de São Paulo, no nordeste e no Rio Grande do Norte. Esse evento pode ser atípico como pode ser frequente, mas só saberemos disso depois de um tempo de estudo”.

Segundo o coordenador da Defesa Civil e secretário de Defesa Social, foram registradas mais de 150 reclamações feitas pelos moradores daquela região, desde o dia 12 de dezembro. Além da Defesa Civil, no dia 15 de dezembro, uma equipe da Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação esteve no Jardim Califórnia e, através de mapeamento dos relatos de moradores, delimitou uma área onde teriam ocorridos os abalos sísmicos.

Como funciona

O sismógrafo possui dois instrumentos, sendo um deles o sensor que fica enterrado próximo à superfície do solo e outro que é o registrador, que faz a gravação do sinal do equipamento. O sensor possui três eixos, que são sensores alinhados com a posição geográfica, por isso um deles capta o sinal verticalmente e dois registram os sinais horizontalmente. 

O equipamento trazido pelos técnicos da USP faz gravações diárias e ininterruptas por até um ano. Os dados registrados ficam gravados em uma memória interna do aparelho e transmitidos periodicamente através de Sistema de Telecomunicações ao Centro de Sismologia da USP. 

Os trabalhos envolvem a UEL, USP, técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação, equipe técnica do Sistema de Informação Geográfica de Londrina (SIGLON), Secretaria de Defesa Social, Defesa Civil e Sanepar.