Giovanni Capalbo nunca entrou em campo, mas faz parte da centenária história da Sociedade Esportiva Palmeiras. O torcedor símbolo do clube, mais conhecido como João Gaveta, era querido pelos ídolos da Academia de Futebol e temido pelos árbitros.

Nascido na Itália, ele imigrou para o Brasil ao lado da família e começou a acompanhar os jogos do Palmeiras nos estádios a partir da Arrancada Heroica 1942. Por atribuir todas as derrotas à arbitragem, alegando que o “juiz estava na gaveta”, ganhou o inusitado apelido.

João Gaveta frequentava o Palmeiras diariamente e torcia pelo clube em todas as modalidades, do basquete ao hóquei sobre patins. Personagem folclórico, superou as próprias limitações para ser considerado o torcedor símbolo, com permissão para viajar ao lado da delegação e acesso ao vestiário.

Em 2014, ano do centenário do Palmeiras, a Gazeta Esportiva publicou o documentário “O Incrível João Gaveta”. A partir do depoimento de ídolos como Ademir da Guia e Dudu, além de entrevistas com amigos e historiadores, o filme reconstrói a trajetória do antigo imigrante, famoso por rasgar súmulas em caso de derrota do time do coração.

“Quando cheguei ao Palmeiras, o João Gaveta já era o torcedor símbolo. Treinávamos no Parque Antarctica, então ele convivia sempre com todos os jogadores por lá e a gente tinha uma amizade. O pessoal adorava o João Gaveta. Estava em todos os jogos, torcendo e brigando pelo clube”, contou Ademir da Guia.

Em novembro de 1984, os principais jornais de São Paulo noticiaram a morte de João Gaveta e o Palmeiras atuou de luto para homenagear seu torcedor símbolo. Ele foi enterrado no túmulo oficial do clube, localizado no Cemitério do Araçá e ocupado pelos restos mortais dos ex-jogadores José Romeiro e Segundo Villadoniga.