Curitiba - De terceira opção no elenco, o jovem meia João Cruz entrou ainda no primeiro tempo da vitória do Athletico sobre o Athletic, pela Série B, e mudou o jogo. Mais do que isso, deixou uma impressão capaz de transformar não só seu papel no time, mas também a forma como o Furacão joga sob o comando de Odair Hellmann, que estreava no cargo.

João Cruz em treinamento no Athletico nesta terça-feira (27).
João Cruz em treinamento no Athletico nesta terça-feira (27). Foto: José Tramontin/Athletico

João entrou aos 33 minutos da primeira etapa, substituindo Isaac, que saiu machucado. Inicialmente, ocupou o lado direito, na mesma função do companheiro. No entanto,foi durante o segundo tempo, aos 13 minutos, que protagonizou o lance decisivo: cruzamento perfeito na cabeça de Renan Peixoto, que marcou o gol da vitória.

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Após o gol, Odair ajustou a equipe e reposicionou João para sua função de origem, atuando como meia pelo lado direito, alinhado a Giuliano, que ficava pela esquerda no meio-campo. Com isso, o comandante atleticano pode ensaiar uma transição do tradicional 4-3-3 para um 4-4-2, com João Cruz e Giuliano responsáveis por comandar o setor de criação.

Mapas de calor mostram a transformação no Athletico

A análise dos últimos cinco jogos de João Cruz escancara uma mudança clara no seu comportamento tático:

Nos primeiros jogos, ele aparecia mais no campo defensivo, ajudando na saída de bola, na marcação e na transição ofensiva, principalmente pelo lado esquerdo. Era um papel mais voltado ao apoio e proteção, com pouca presença no terço final.

Contra o Athletic, tudo mudou. João passou a frequentar muito mais o campo de ataque, principalmente no corredor direito e na região da entrelinha — aquele espaço entre os volantes e os zagueiros rivais, onde nascem as jogadas mais perigosas.

Histórico de atuação de João Cruz nos últimos 5 jogos – Imagem: Sofaescore

Ou seja, sua movimentação se tornou muito mais ofensiva, bem diferente dos jogos anteriores, onde dividia sua atuação entre defesa e construção. Essa mudança reforça que, quando acionado mais adiantado e depois reposicionado no meio, João Cruz ganhou protagonismo na criação, com papel mais agressivo e participativo nas ações ofensivas.

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O encaixe com Giuliano e o novo Athletico

A formação com João Cruz pela direita e Giuliano pela esquerda oferece ao Athletico uma dinâmica bem diferente:

João Cruz é um meia extremamente dinâmico, que percorre vários setores do campo. Tem muita intensidade, gosta da aproximação, acelera o jogo com passes curtos, participa da recomposição e apoia bastante o ataque, sobretudo pelo lado direito. É aquele jogador que conecta os setores e faz o jogo fluir.

Giuliano tem um perfil mais cerebral. É o meia da cadência, da visão de jogo, que organiza a equipe, dita o ritmo e busca espaços para construir jogadas. Costuma atuar mais pela esquerda, com inteligência e paciência, sendo quem faz o time respirar e tomar boas decisões.

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O 4-4-2, desenhado com essa configuração, pode ser a chave para aliviar a necessidade de três volantes, abrindo espaço para dois meias que, além de ajudarem na recomposição, entregam muito mais qualidade na criação ofensiva.

Mapas de calor mostram complementação entre os dois atletas – Imagem: Sofascore

O próprio João Cruz deixou seu recado após o jogo: “Estou pronto”, afirmou, deixando claro que quer — e pode — ser muito mais do que uma opção no banco. A assistência para o gol de Renan Peixoto é apenas o cartão de visitas de quem, aos poucos, sai da sombra para voltar a assumir o protagonismo.

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Temporada 2024 x 2025: mudou muito?

Comparando os mapas de calor das duas temporadas, fica evidente que João Cruz não mudou seu estilo de jogo, mas sim evoluiu dentro do mesmo perfil.

Em 2024, seu mapa já mostrava forte atuação no lado esquerdo, especialmente na entrelinha e na faixa ofensiva. Atuava mais aberto, próximo dos pontas e dos laterais, buscando tabelas e jogadas de apoio. Por outro lado, tinha pouca participação na base da construção e na zona central.

Em 2025, a grande mudança está no raio de ação. João passou a ser mais centralizado, mais presente no terço final, ocupando espaços entre linhas, próximo da grande área e sendo decisivo nas jogadas ofensivas. Por outro lado, reduziu sua participação defensiva e deixou de buscar tanta amplitude, priorizando ações internas e finalizações.

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Comparação entre atual temporada e temporada de 2024 – Imagem: Sofascore

Em resumo, manteve sua essência — um meia associativo, de construção curta e aproximação —, mas se tornou mais agressivo, mais participativo no ataque e menos preocupado com funções defensivas.

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