Mais de uma década depois de ter o braço arrancado por um tigre durante uma visita ao zoológico de Cascavel, no Paraná, o jovem Vrajamany Rocha, com 23 anos, se tornou em uma história de superação, disciplina e resultados expressivos no esporte paralímpico. Após o incidente envolvendo o animal, o paranaense mira o topo do pódio mundial.

Jovem Vrajmany
História de superação de Vrajamani também inspirou outros atletas (Foto: @vrajamany_rocha/Instagram/Record TV)

As últimas imagens registradas antes do ataque mostram um menino curioso em frente ao recinto dos felinos. Separado do tigre apenas por uma grade, o garoto toca o animal repetidas vezes. Minutos depois, já fora do alcance das câmeras, o ataque ocorreu.

Na ocasião, pai e visitantes correram para ajudar. Apesar dos esforços, o membro precisou ser amputado. O acidente ocorreu quando o menino estava em uma área proibida, acessada após pular uma grade.

Uma nova vida longe do Paraná

Quase mil quilômetros separam o local do acidente da cidade onde Vrajamany reconstruiu sua vida. Em Uberlândia (MG), ele encontrou novos caminhos e o esporte. Com rotina disciplinada, o jovem acorda antes do amanhecer para treinar natação. Antes disso, ainda em casa, trabalha a coordenação motora e prepara o próprio café da manhã, adaptando sozinho a maior parte das tarefas. “

Costume, né? Todo dia cozinhando”, brinca, em entrevista ao Domingo Espetacular.

A alimentação é controlada: proteínas, vegetais, frutas e muita água. E às 7h, ele já está no carro a caminho do clube onde treina como atleta profissional desde janeiro de 2022.

Do trauma à piscina: o nascimento de um atleta

A natação entrou na vida do jovem por recomendação médica, ainda aos 12 anos, pouco após o acidente. Mas o começo não foi fácil: fome, cansaço e adaptações tornavam o treino desafiador. A mudança ocorreu ao entrar no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. Lá, conviveu com atletas da Seleção e medalhistas paralímpicos, experiência que despertou sua paixão pelo esporte.

Vrajamani coleciona 40 medalhas nacionais, sendo 10 de ouro, e treina para disputar as Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. Segundo a equipe técnica, ele está cada vez mais próximo de alcançar os índices necessários.

Amizade e inspiração

A história de superação de Vrajamany também inspirou outros atletas. Um deles é Thiago, que perdeu os dois braços após um choque elétrico aos 14 anos. Os dois se conheceram nas piscinas do clube em Uberlândia e criaram uma amizade imediata.

“Quando estou com ele, eu esqueço que não tenho os braços”, diz Thiago. Vrajamany, por sua vez, afirma que admirava o amigo antes mesmo de o conhecer pessoalmente.

Encontro inesperado com o tigre

Em 2022, ele voltou ao zoológico de Cascavel e viu novamente o animal. Conforme o atleta, não há qualquer tipo de ressentimento. Pelo contrário, ele conta que sempre quis proteger o tigre, que hoje já está idoso. “Foi muito bom ver ele bem forte ainda”, disse.

Determinado, Vrajamany não esconde o sonho de ser campeão mundial. Em 2024, ele ficou apenas 0,6 segundo do índice necessário para competir no principal torneio do planeta. Ajustes milimétricos o separam do próximo grande passo.

“Pra mim, a natação me salvou da ignorância. Me ensinou o valor do foco e da dedicação”, afirma.

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Eduardo Teixeira

Repórter

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.