O candiru, animal é temido nas águas da Amazônia, ganhou fama mundial como o “peixe-vampiro” capaz de invadir orifícios humanos. Mas até que ponto essa reputação é verdadeira?Entenda o que é fato e o que é exagero sobre um dos peixes mais enigmáticos do Brasil.

Candiru, peixe-vampiro
Apesar da fama assustadora, o candiru é, biologicamente, um elo importante no equilíbrio ecológico dos rios amazônicos (Foto: Reprodução/Portal Amazônia/ND Mais)

Conheça o candiru: parasita amazônico e alvo de lendas populares

O candiru, também chamado de “peixe-vampiro”, é uma criatura pequena, mas cercada de histórias assustadoras — a mais conhecida delas diz que o peixe pode nadar pela uretra de banhistas que entram nos rios da Amazônia. Embora o medo seja real entre comunidades ribeirinhas, especialistas afirmam que muitos dos relatos sobre o comportamento desse peixe são exagerados ou baseados em suposições sem comprovação científica.

Segundo pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da Universidade de Connecticut, o candiru não é uma única espécie, mas sim um nome popular que designa diversas espécies de peixes da família Trichomycteridae, que habitam rios da América do Sul.

No ambiente natural, eles se alojam temporariamente nas brânquias de outros peixes, de onde extraem o sangue necessário para sua nutrição. Após a alimentação, se desprendem e seguem seu caminho — comportamento semelhante ao de insetos como pernilongos.

Apesar da fama assustadora, o candiru é, biologicamente, um elo importante no equilíbrio ecológico dos rios amazônicos, atuando no controle natural de outras populações aquáticas.

Mito: o candiru entra na uretra porque é atraído pela urina

Um dos mitos mais populares sobre o candiru é que ele seria atraído pela urina humana, o que explicaria casos (raríssimos) de entrada pela uretra. No entanto, um estudo conduzido em 2001 por pesquisadores brasileiros e norte-americanos e publicado no periódico Environmental Biology of Fishes não encontrou nenhuma evidência científica que comprove essa teoria.

A confusão pode vir do fato de que o candiru hematófago é atraído por compostos nitrogenados, como a amônia, presente nas brânquias dos peixes, hospedeiro natural. Como os humanos excretam ureia, que também possui nitrogênio, há uma hipótese de que o peixe possa confundir os cheiros.

Verdade: existem diferentes tipos de candiru

Outro ponto pouco conhecido é que nem todos os candirus apresentam comportamento parasitário em humanos. Na verdade, há espécies hematófagas, que se alimentam de sangue, e espécies necrófagas, que consomem carne em decomposição. Os hematófagos são os que se alojam nas brânquias dos peixes vivos para sugar sangue — comportamento semelhante ao de um pernilongo.

Mito: ataques a humanos são comuns

Apesar do medo difundido nas comunidades ribeirinhas e da fama internacional do candiru, os casos documentados de ataques a humanos são extremamente raros. Há pouquíssimos registros clínicos confirmados, e muitos relatos não puderam ser verificados por fontes científicas.

Além disso, o candiru possui excelente visão e pode reagir a estímulos visuais, como a presença de um corpo grande se movendo na água. Estudos mostraram que, em aquários, eles identificavam peixes visualmente e nadavam em direção a eles.

Isso sugere que a aproximação de humanos pode ocorrer por estímulo visual, e não por atração química.

Verdade: o candiru é um parasita importante no ecossistema

Mesmo com sua fama negativa, o candiru exerce um papel relevante na cadeia ecológica dos rios amazônicos. Ao parasitar outros peixes, ajuda a controlar populações e colabora com o equilíbrio natural dos ecossistemas aquáticos. Para pesquisadores, o foco deve estar em compreender o comportamento desses animais em seu ambiente natural, e não perpetuar o medo desproporcional.

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Eduardo Teixeira

Repórter

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.

Eduardo Teixeira é formado em Jornalismo pela Uninter. Possui experiência em pautas de Segurança, como acidentes e crimes, além de virais da internet, trends das redes sociais e pautas de Cultura. Também atua como repórter de TV e rádio.