Muita gente ainda pisa no freio mais do que deveria — por hábito, por medo ou por desconhecimento. O resultado disso aparece cedo ou tarde: pastilhas gastas, discos empenados e até superaquecimento. Mas há um recurso do próprio carro que pode ajudar (e muito) a evitar esses desgastes: o freio motor. Apesar de parecer coisa de caminhoneiro, usar essa técnica no dia a dia pode ser a diferença entre gastar ou economizar na manutenção.

Como usar o freio motor do jeito certo e aumentar a vida útil das pastilhas
Como usar o freio motor do jeito certo e aumentar a vida útil das pastilhas

O que é o freio motor e como ele funciona

Quando você tira o pé do acelerador e mantém a marcha engatada, o próprio motor age como um redutor de velocidade. Esse é o chamado “freio motor”. Ele acontece porque o motor continua girando com a força de inércia do carro, mas sem receber combustível. O resultado? Uma desaceleração natural e progressiva, sem exigir tanto das pastilhas de freio.

Essa técnica é mais evidente em descidas ou ao se aproximar de semáforos. Ao invés de usar o pedal do freio o tempo todo, o motorista pode reduzir a marcha e deixar que o motor colabore para a redução da velocidade.

A relação do freio motor e a vida útil das pastilhas

Usar o freio motor corretamente reduz o desgaste dos freios convencionais, principalmente das pastilhas. Isso porque cada vez que você pisa no freio, há fricção — e fricção gera calor e desgaste. Ao transferir parte dessa responsabilidade para o motor, você poupa o sistema de frenagem.

Na prática, veículos que fazem uso frequente do freio motor podem ter uma vida útil de pastilhas 30% maior do que os que dependem exclusivamente do pedal de freio.

Situações ideais para usar o freio motor

Você não precisa estar em uma serra para usar o freio motor. Veja alguns momentos comuns em que ele faz diferença:

  • Descer ladeiras: usar só o pedal aquece os freios e pode causar falhas.
  • Reduzir antes de semáforos: soltar o acelerador e reduzir a marcha suavemente já ajuda.
  • Trânsito urbano em declive: em vez de pisar e soltar o freio a todo momento, mantenha uma marcha mais baixa.

Nessas situações, o uso do freio motor proporciona uma condução mais segura e econômica.

Cuidados ao aplicar a técnica

Apesar de parecer simples, o freio motor exige atenção. Muita gente comete o erro de reduzir marchas bruscamente, o que pode gerar trancos e até danificar o câmbio. O segredo está na suavidade.

Ao perceber que vai precisar reduzir a velocidade, tire o pé do acelerador, espere o giro baixar naturalmente e então reduza a marcha, sem forçar. Nunca engate marchas muito baixas em alta velocidade — o ideal é fazer a transição progressiva: da quinta para a quarta, da quarta para a terceira, e assim por diante.

Dá para usar o freio motor em carros automáticos? Sim, mas com algumas limitações. Modelos mais modernos já “entendem” quando o motorista tira o pé do acelerador em uma descida, por exemplo, e ajustam o câmbio para colaborar com a frenagem.

Benefícios além das pastilhas

O uso inteligente do freio motor não traz vantagens apenas para as pastilhas. Ele também:

  • Reduz o consumo de combustível, já que o motor entra em modo de corte de injeção;
  • Evita o superaquecimento dos freios, especialmente em longas descidas;
  • Melhora o controle do veículo, tornando a condução mais estável;
  • Reduz a emissão de gases e particulados gerados pelas frenagens excessivas.

Ou seja, é uma prática sustentável, econômica e segura — tudo ao mesmo tempo.

Não confunda com ponto morto

Uma dúvida comum: andar em ponto morto economiza mais? A resposta é não. Quando o carro está engrenado e sem acelerar, o motor corta o combustível. Já no ponto morto, ele precisa continuar funcionando e consumindo combustível para manter a rotação mínima. Além disso, em ponto morto, você perde o freio motor e boa parte do controle do carro — o que é perigoso.

Portanto, manter o carro engatado e usar o freio motor é melhor em todos os sentidos.

Dominar técnicas como o freio motor é parte de uma direção mais consciente e econômica. Em vez de ver a manutenção como um problema inevitável, o motorista passa a fazer escolhas que evitam gastos e melhoram a performance do veículo. E o melhor: sem precisar de nenhum equipamento ou tecnologia extra. Basta conhecer o próprio carro e mudar alguns hábitos.