Ela caminha silenciosamente entre as sombras da mata fechada, deixando pegadas que contam histórias milenares. A onça-pintada, majestosa e temida, não é apenas a maior felina das Américas — é o símbolo vivo do equilíbrio ecológico no coração do Brasil. No Mato Grosso, onde o Pantanal e o Cerrado se encontram, esse predador enfrenta uma luta diária pela sobrevivência, revelando hábitos fascinantes e uma dieta que impressiona pela diversidade.

Onça-pintada no Mato Grosso conheça os hábitos no animal e sua dieta
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Os hábitos da onça-pintada no Mato Grosso

A onça-pintada (Panthera onca) é um animal solitário por natureza, e no Mato Grosso ela encontra ambientes diversos para viver: desde as planícies alagadas do Pantanal até os cerrados densos e as florestas tropicais do norte do estado. Essa variedade de biomas permite à espécie uma ampla movimentação, o que é essencial para seu comportamento territorialista.

Ao contrário do que muitos pensam, a onça não passa o dia dormindo. Ela é mais ativa durante o crepúsculo e à noite, quando sai à caça ou para patrulhar seu território, que pode ultrapassar os 80 km². Durante o dia, costuma se esconder sob a vegetação densa ou em tocas naturais, descansando e evitando o calor intenso.

A territorialidade é outro traço marcante: as fêmeas mantêm territórios menores e frequentemente os compartilham com seus filhotes, enquanto os machos cobrem áreas maiores e podem ser agressivos ao defender suas fronteiras contra intrusos.

Como a onça interage com seu ambiente

A presença da onça-pintada é um indicativo de que o ecossistema está saudável. Isso porque, como predadora de topo, ela regula populações de herbívoros e outros animais, ajudando a manter o equilíbrio ecológico. No Mato Grosso, ela pode ser encontrada não só em áreas protegidas, como o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, mas também em fazendas e áreas de produção agrícola — o que muitas vezes gera conflitos com humanos.

Esse contato com áreas habitadas tem forçado a onça a adaptar parte de seus hábitos. Algumas se tornaram mais discretas e começaram a evitar áreas de intenso manejo humano, caçando em horários ainda mais noturnos e usando corredores naturais para se deslocar entre fragmentos de mata.

A dieta variada da onça-pintada

A alimentação da onça-pintada é outro ponto que destaca sua capacidade de adaptação. Ela é uma carnívora oportunista, ou seja, se alimenta do que estiver disponível — desde que represente uma boa quantidade de carne. No Mato Grosso, sua dieta inclui capivaras, jacarés, veados, tatus e até tamanduás-bandeira.

No Pantanal, os jacarés são presas frequentes. A onça-pintada desenvolveu uma técnica específica para caçá-los: ataca com uma mordida certeira no crânio ou na nuca, perfurando ossos com facilidade graças à sua poderosa mandíbula — a mais forte entre todos os felinos.

Já nas regiões de Cerrado e Floresta Amazônica, as presas variam. Em áreas mais secas, veados-campeiros e porcos-do-mato são os alvos principais. Em locais próximos a rios ou áreas alagadas, ela pode até se alimentar de peixes grandes ou aves aquáticas.

Estratégias de caça da onça-pintada

A onça não é um predador de perseguição como os guepardos africanos. Ela prefere a emboscada. Aproxima-se em silêncio, usando a vegetação como cobertura, e ataca com um salto preciso e mortal. Seu corpo robusto, musculoso e com membros curtos a torna ideal para esse tipo de ataque fulminante.

Sua camuflagem também ajuda: as rosetas pretas distribuídas por seu pelo dourado funcionam como uma espécie de disfarce natural, confundindo a visão de suas presas. Esse fator é especialmente importante nas florestas fechadas, onde a luz e sombra criam padrões visuais semelhantes aos de sua pelagem.

Onça-pintada no Mato Grosso conheça os hábitos no animal e sua dieta
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Desafios enfrentados no estado do Mato Grosso

Infelizmente, a onça-pintada não está livre de ameaças. A expansão agropecuária, o desmatamento e os incêndios frequentes têm reduzido drasticamente seu habitat natural. Além disso, o conflito com pecuaristas, que muitas vezes perdem gado para esses predadores, resulta em retaliações fatais.

Diversas ONGs e projetos ambientais, como o Onçafari e o Instituto Homem Pantaneiro, atuam no estado promovendo ações de conservação, turismo sustentável e educação ambiental. A criação de corredores ecológicos e a preservação de matas ciliares são fundamentais para garantir a sobrevivência da espécie.

O papel da onça-pintada na cultura brasileira

Mais do que um predador, a onça é um símbolo. Está presente em lendas indígenas, na iconografia do folclore nacional e até em brasões oficiais. No Mato Grosso, ela representa não só a riqueza da fauna local, mas também a necessidade urgente de preservar nossos biomas.

Observar uma onça na natureza é um privilégio raro — e uma lembrança vívida da nossa conexão com o mundo selvagem. Proteger esse animal é proteger todo um ecossistema, com todas as suas histórias, ciclos e mistérios.