Você já passou pela situação de caminhar tranquilamente com seu cão e, de repente, ele avançar latindo para outro cachorro ou até mesmo para uma pessoa? Esse comportamento, chamado de reatividade, não significa necessariamente que seu cão seja agressivo — mas é um alerta. Entender o que provoca essa reação e como agir com segurança pode transformar totalmente a convivência com seu pet e evitar acidentes que poderiam ser evitados.

A reatividade do cão pode ser contida com o manejo correto
A palavra-chave para lidar com um cão reativo é controle emocional — e não só o do animal, mas o do tutor também. Cães reativos não atacam do nada. Eles reagem a estímulos que interpretam como ameaças, mesmo quando não são. Pode ser outro cachorro, um barulho, uma bicicleta passando rápido demais. A boa notícia? Isso pode ser controlado com treino, paciência e, principalmente, com o uso de uma técnica chamada dessensibilização gradual com reforço positivo.
O nome parece complicado, mas é simples: o tutor expõe o cão, aos poucos, ao estímulo que causa a reatividade (como outro cão ou um ambiente movimentado), sempre em uma distância segura onde o cão ainda consegue prestar atenção no tutor. Quando o cão se comporta bem, é recompensado com petiscos, carinho ou brinquedos. Esse processo reduz a ansiedade e mostra que aquele estímulo não representa perigo.
Reatividade não é sinônimo de agressividade
É importante entender que reatividade não é igual a agressividade. Um cão agressivo age de forma hostil com intenção real de causar dano. Já o cão reativo age por medo, frustração ou excesso de energia, sem intenção deliberada de machucar. A diferença está na raiz emocional do comportamento — e é isso que a técnica de dessensibilização trabalha: ajudar o cão a criar novas associações mentais com os gatilhos que antes causavam a explosão.
Essa compreensão muda completamente a forma como o tutor reage diante de um episódio. Em vez de puxar a guia com força ou gritar com o cão (o que só piora a situação), ele aprende a redirecionar o foco do animal, afastá-lo calmamente da situação e usar comandos simples para retomar o controle.
Ferramentas que ajudam no processo de adaptação
Alguns acessórios podem ser grandes aliados para garantir a segurança durante esse processo. Um deles é a guia de manejo com dois pontos de contato, que oferece mais controle sobre o movimento do cão sem causar dor. Outro item útil é a focinheira do tipo cesta (jamais a de contenção), que pode ser usada em casos de reatividade severa, sempre com adaptação feita de forma positiva para não causar mais estresse.
Além disso, trabalhar comandos básicos como “senta”, “fica” e “olha” é essencial. Eles servem como âncoras para que o cão redirecione sua atenção quando estiver prestes a reagir. Com consistência, esses comandos se tornam ferramentas de prevenção.
Quando procurar ajuda profissional
Embora muitos tutores consigam melhorar bastante o comportamento do seu cão com informação e treino, há situações em que a ajuda de um adestrador comportamental ou médico veterinário especialista em comportamento é indispensável. Cães que já morderam, que têm histórico traumático ou que mostram sinais de agressividade progressiva exigem um olhar clínico para evitar riscos sérios.
Vale lembrar que cada cão tem sua própria história e limites. Forçar um animal a enfrentar seus medos sem preparo adequado pode piorar a reatividade. Por isso, todo processo deve ser guiado por empatia, tempo e reforço positivo.
Criar uma rotina ajuda a reduzir explosões
Cães reativos precisam de previsibilidade. Uma rotina bem estruturada — com horários para passeios, alimentação e brincadeiras — diminui o estresse e aumenta o senso de segurança. Evitar exposições desnecessárias a gatilhos fortes também faz parte da prevenção.
Ao contrário do que muitos acreditam, o cão reativo não precisa ser excluído de ambientes sociais para sempre. Ele só precisa ser respeitado em seu tempo e treinado da forma certa. Muitos cães antes considerados “difíceis” se tornam equilibrados após alguns meses de reeducação.
O poder da conexão tutor-cão
Por trás de cada cão reativo existe um animal tentando se comunicar e confiar em quem o conduz. Quando o tutor se envolve no processo com responsabilidade e carinho, essa conexão fortalece os laços entre os dois. A transformação não é apenas do cão — o tutor também se torna mais consciente, presente e atento.
No fim das contas, o medo de que seu cão fique agressivo pode ser substituído por orgulho ao vê-lo aprender a lidar com seus desafios. Reatividade é um comportamento, não uma sentença. E com o manejo certo, a convivência pode ser leve, segura e cheia de conquistas diárias.