Se você tem lareira ou costuma usar churrasqueira, talvez esteja desperdiçando um adubo poderoso que sai de graça: a cinza da madeira. Sim, aquilo que muita gente joga fora pode se transformar em um dos nutrientes mais eficazes para suas plantas, desde que usado com cuidado. Mas será que toda cinza serve? E como aplicar sem causar danos?

Como adubar plantas com cinzas da lareira ou churrasqueira

As cinzas de madeira pura — sem resíduos de gordura, carvão mineral ou alimentos — são ricas em potássio, cálcio, magnésio e outros minerais essenciais. Ao contrário dos fertilizantes ácidos, elas aumentam o pH do solo, sendo ótimas para plantas que gostam de ambientes mais alcalinos, como lavandas, alecrins e hortênsias rosas.

Como usar cinzas da churrasqueira para adubar plantas
Como usar cinzas da churrasqueira para adubar plantas

O ideal é usar a cinza peneirada, espalhando uma fina camada na terra ao redor das plantas, de preferência após regar. A proporção recomendada é de no máximo 100 gramas por metro quadrado, a cada dois meses. Exageros podem alcalinizar demais o solo e prejudicar o crescimento.

O que não pode: tipos de cinza que prejudicam o solo

Evite usar cinzas de madeira tratada, pintada ou envernizada — elas contêm substâncias tóxicas. O mesmo vale para restos de carvão de churrasqueira que tenham gordura, molhos ou sal. Esses contaminantes alteram a composição do solo e podem matar microrganismos benéficos, além de afetar raízes sensíveis.

Se a sua lareira recebe lenha com tinta ou você costuma usar carvão comercial com acendimento químico, descarte esse material. A regra é simples: se você não colocaria aquela madeira no solo de uma horta, não use a cinza dela como adubo.

Plantas que amam a cinza como fertilizante natural

As cinzas são especialmente benéficas para plantas rústicas e aromáticas que preferem solos mais secos e alcalinos. Entre elas:

  • Lavanda: floresce melhor em solo com pH mais alto.
  • Alecrim e sálvia: se beneficiam do potássio extra.
  • Tomilho: cresce com vigor em solos bem drenados e com leve alcalinidade.
  • Gerânios e hortênsias rosas: ganham flores mais duradouras e vistosas.

Já espécies que gostam de solo ácido, como azaleias, orquídeas e samambaias, podem sofrer com o uso de cinzas. Nesse caso, é melhor usar outros tipos de adubo orgânico.

Mistura com compostagem: equilíbrio é tudo na hora de adubar plantas

Uma maneira inteligente de usar as cinzas é incorporá-las à compostagem. Isso ajuda a equilibrar o pH da mistura, que costuma ficar mais ácida com restos de frutas e folhas. Mas atenção: sempre em pequenas quantidades — uma colher de sopa para cada 5 litros de composto é mais que suficiente.

Além disso, a cinza ajuda a afastar insetos indesejados da composteira, como formigas e larvas. Uma vantagem dupla: nutrição e controle natural de pragas.

Cinza na horta? Sim, mas com atenção redobrada ao adubar plantas

Na horta, as cinzas podem ser usadas para adubar canteiros de alho, cebola, cenoura e beterraba. Esses vegetais aproveitam bem o potássio, o que favorece o desenvolvimento das raízes e melhora a colheita.

Por outro lado, evite aplicar cinzas diretamente em mudas recém-plantadas ou sementes germinando. O pH elevado pode “queimar” essas estruturas frágeis. O ideal é adubar uma semana antes do plantio, para o solo absorver os nutrientes sem agredir as plantas jovens.

Dica prática: como guardar cinzas para usar depois

Se você não vai usar toda a cinza de uma vez, armazene em potes com tampa ou baldes plásticos bem vedados, longe da umidade. Quando a cinza entra em contato com água, começa a formar sais que podem perder parte de sua eficácia. Guarde em local seco e use conforme a necessidade.

Ah, e sempre peneire antes de aplicar para retirar pregos, pedaços de carvão ou restos de madeira mal queimada.

Reaproveitar as cinzas da lareira ou da churrasqueira é um gesto simples, sustentável e eficaz para cuidar do seu jardim. Mas como toda boa prática, exige conhecimento e moderação. Quando bem usadas, essas cinzas se transformam em ouro para as plantas. Se mal aplicadas, podem virar vilãs silenciosas. No fim das contas, o segredo está em respeitar o solo — e ouvir o que ele pede.