O papado de Francisco, encerrado com a sua morte na manhã de hoje, não se resume a números que expressam a grandeza de um período de pouco mais de 12 anos. Mais do que números expressivos, como os mais de 450 mil quilômetros percorridos em um total de 94 viagens, o que marcou o pontificado foram os ineditismos.

O papa Francisco foi o primeiro em muitas coisas. Primeiro papa jesuíta; primeiro originário da América Latina; primeiro a escolher o nome Francisco sem um numeral; primeiro a ser eleito com seu antecessor (papa Bento XVI, que abdicou) ainda vivo; primeiro a residir fora do Palácio Apostólico; primeiro a visitar terras nunca antes tocadas por um pontífice – do Iraque à Córsega -; primeiro a assinar uma Declaração de Fraternidade com uma das autoridades islâmicas mais importantes, entre outros pioneirismos destacados pelo Vaticano.
Francisco primou pela proximidade com as pessoas comuns
A igreja ressalta ainda que o grande legado do pontífice é a proximidade com o povo. Algo manifestado quase que diariamente ao longo dos últimos 12 anos. O Vaticano destaca que o papa visitava os funcionários nos seus escritórios, sem a pompa e circunstância até então associada ao posto. E também outras formas de se aproximar da população, como a realização das Sextas-feiras da Misericórdia no Jubileu de 2016 em locais de marginalização e exclusão; ou com as celebrações da Quinta-feira Santa em prisões, asilos e centros de acolhida; ou ainda com as jornadas pelas paróquias nos subúrbios romanos e com visitas e telefonemas surpresa a pessoas comuns.
Primeiro papa no Iraque
O pontífice argentino completou 47 peregrinações internacionais. Feitas com base em eventos, convites de autoridades, missões a serem realizadas ou algum “movimento” interno, como ele chamava. Como na histórica viagem ao Iraque, em março de 2021. Roteiro que incluiu as cidades de Bagdá, Ur, Erbil, Mosul e Qaraqosh, terras e vilarejos com cicatrizes ainda evidentes da matriz terrorista, com sangue nas paredes e tendas de pessoas deslocadas ao longo das estradas. Tudo isso ainda sob a sombra da pandemia da covid e preocupações gerais com a segurança.
A viagem, desaconselhada por muitos por causa da saúde de Francisco e do risco de atentados, foi um dos marcos do papado. O pontífice sempre a classificou como a “mais bela viagem” de seu pontificado.
Viagens demonstraram preocupação com a fome e a miséria
Outras viagens de Francisco comprovaram a sua preocupação com a mazela vivida pelos povos em situação de miséria extrema. Interesse que o levou a Bangui, a capital da República Centro-Africana em 2015, mesmo em meio a feroz guerra civil que deixou milhares de mortos. No país africano, onde disse que queria ir mesmo ao custo de saltar “de paraquedas”, Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia em uma cerimônia comovente. Que também marca o recorde de um Ano Santo aberto não em Roma, mas em uma das regiões mais pobres do mundo.

Também foi marcante a mais longa viagem do pontificado, realizada em setembro de 2024, aos 87 anos. Ao longo de 15 dias, Francisco esteve e quatro países diferentes: Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Cingapura. Percurso que passou por dois continentes e quatro fusos horários, com exatos 32.814 km percorridos de avião. Neste caso, o papa conheceu quatro universos diferentes. Cada um representando os principais temas de seu Magistério: fraternidade e diálogo inter-religioso; periferias e emergência climática; reconciliação e fé; riqueza e desenvolvimento a serviço da pobreza. (Com informações do Vatican News).
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