Símbolo da luta contra a Leucemia, João Bombeirinho está praticamente curado (Foto: Reprodução)

Chamada pelos médicos de LMC – Leucemia Mieloide Crônica -, ela faz com que os glóbulos brancos do sangue, os leucócitos, se multipliquem desordenadamente

*Por Edmundo Pacheco

A Leucemia é um tipo de câncer que se desenvolve na medula óssea, afetando o sangue dos pacientes. Para você entender, existem três tipos de células na corrente sanguínea: os glóbulos vermelhos ou hemácias (responsáveis pelo transporte de oxigênio para os tecidos), os glóbulos brancos ou leucócitos (encarregados da defesa contra agentes externos, células estranhas ou que sofreram modificação dentro do próprio organismo) e as plaquetas (essenciais para a coagulação do sangue). Chamada pelos médicos de LMC (Leucemia Mieloide Crônica), ela faz com que os glóbulos brancos do sangue (leucócitos) se multipliquem desordenadamente, ainda dentro da medula óssea.

Os médicos e pesquisadores ainda não descobriram o que dá início a essa multiplicação desordenada, fora dos padrões de desenvolvimento normal do corpo. O que se sabe é que se trata de uma doença adquirida, que não está presente no momento do nosso nascimento, e não é hereditária. A melhor definição é “uma anormalidade genética nos glóbulos brancos”, denominada cromossomo Philadelphia (Ph+). Os cromossomos das células humanas compreendem 22 pares (numerados de 1 a 22 e dois cromossomos sexuais), num total de 46 cromossomos. Nos pacientes com a doença, estudos mostraram que existe uma fusão entre dois cromossomos, os de número 9 e 22, provocando a Leucemia Mieloide Crônica.

É preciso muita atenção porque a maioria dos sinais e sintomas da LMC estão relacionados à diminuição da produção de células sanguíneas normais da medula óssea, e podem ser confundidos com outras doenças. Os  sintomas iniciais são sensação de cansaço, fadiga, sudorese noturna, perda de peso, febre aparentemente sem motivo, dores nos ossos, aumento do baço, sensação de saciedade após uma pequena refeição.

Depois de diagnosticada é fundamental o acompanhamento médico e o tratamento correto. Testes como hemograma, exame citogenético e, principalmente, o PCR – um exame de sangue muito simples que mede a quantidade do gene causador da LMC – são fundamentais, pois somente através deles é possível saber como o câncer está respondendo ao tratamento prescrito e, assim, reavaliar a abordagem terapêutica se necessário, no menor tempo possível. A boa notícia é que a medicina avançou o suficiente para conseguir a cura na maioria dos casos. Hoje, mais de 70% dos pacientes conquistam a remissão completa da doença (quando nos exames não consta mais nenhum sinal da doença).

Na maior parte dos casos, essa doença aparece em adultos, na faixa etária dos 50 anos. Apenas 4% dos pacientes são crianças.

João Bombeirinho – símbolo de luta contra a Leucemia

 

Para marcar o Dia Internacional da Leucemia, o Portal do Conteúdo Médico foi à casa do João Daniel de Barros, o João Bombeirinho, um garoto maringaense de 11 anos, que se tornou símbolo do combate à leucemia, doença que ele enfrentou durante cinco anos. Casa, aliás, presente do apresentador da TV Record, Gugu Liberato, e entregue com toda pompa em seu programa, no quadro “Sonhar Mais um Sonho”.

Na época a família morava de aluguel e devido às despesas com a doença, enfrentava dificuldades. Gugu gostou da história do menino e transformou ele no símbolo nacional da campanha de doação de medula óssea. Além de ganhar a casa e vários outros presentes do programa, a campanha permitiu que João Bombeirinho encontrasse um doador compatível. Em 24 de outubro de 2012, ele passou pelo transplante de medula óssea e foi considerado curado.

A dramática história do menino que sonhava em ser bombeiro começou quando tinha pouco mais de um ano de idade. A mãe, Ana, conta que percebeu que o garoto começou a ter uma febre que não diminuía apesar de tomar remédios. “Depois notei um caroço em seu pescoço. Minha mãe achou que era caxumba, doença bem comum De lá fomos encaminhados para Hospital Universitário (HU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e lá confirmaram que ele estava com Leucemia e foi aí que começou nossa luta”, conta Ana

“Foi um período bastante difícil, voltei a morar com meus pais e tive de deixar o emprego para cuidar do João. Dois anos depois, mesmo fazendo todo o tratamento, um Mielograma acusou células cancerosas, o que significava que a única solução seria um transplante de medula óssea. E aí começou nossa busca por um doador de medula compatível. Dentro da família não foi encontrado nenhum compatível”.

“João sempre sonhou em ser bombeiro, nessa época ele frequentava a escolinha ainda, e foi aí que recebeu uma grande surpresa: a escola promoveu um encontro com os bombeiros da cidade, que foram visitá-lo e convidaram pra passar um dia inteiro no quartel. Ele ficou super feliz, recebeu uniforme e tudo, e foi adotado como mascote do corpo de bombeiros e foi assim que ele passou a ser conhecido como o “Bombeirinho de Maringá”.

Hoje com 11 anos, João é um garoto normal e saudável, que estuda de manhã e faz uma série de atividades a tarde. Mora na “casa de novela” presente do Gugu, nos dos bairros de Maringá. A batalha contra a Leucemia deve ser encerrada oficialmente no próximo dia 24 de outubro, quando completam 5 anos do transplante e os médicos poderão dizer se João está mesmo 100% curado.

“Mas a nossa luta não termina. Minha vida é focada em encontrar quem me ajudará a dar continuidade nesse sonho. Não trabalho fora, dedico meu tempo todo a ele, e assim seguimos. Conheci muitos amigos nesse caminho pela vida, e essa luta se tornou uma grande Corrente do Bem. Contamos com tantos quanto puderem ajudar, seja doador de medula óssea, doe vida a quem precisa”, encerra a mãe que criou até uma Organização Nào Governamental (ONG) para ajudar outras pessoas com o mesmo problema.