“Não temos mais o que fazer. Todos os leitos possíveis estão lotados”. A fala, extremamente preocupante, é do médico Alain Barros Correa, do Samu de Umuarama, região Noroeste do Paraná, que vive um verdadeiro colapso no sistema de saúde por conta da explosão no número de positivados de covid-19 e de pessoas que necessitam de atendimento médico por causa das complicações causadas pelo vírus.

Em nota emitida na noite de terça-feira (1º), o Samu de Umuarama alertou que a prestação de serviços pode ser interrompida a qualquer momento, pois as ambulâncias do serviço de atendimento médico estão sendo utilizadas de maneira provisória como leito para pessoas que tiveram agravamento do caso por conta da covid-19 e não encontraram nenhuma vaga nos hospitais do município.

Curva ascendente de casos de covid

Sete óbitos em decorrência da covid-19 foram confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde entre os dias 26 a 31 de maio, em Umuarama.

Gráfico preocupante com explosão de positivados de covid-19 em Umuarama

Uma mulher de 55 anos morreu dia 30 no Hospital Cemil e as outras seis vítimas são do sexto masculino, com idades de 45, 50, 54, 60, 78 e 84 anos – foram duas mortes no Cemil, duas no Hospital Uopeccan, uma no Ambulatório de Síndromes Gripais e outra no Instituto Nossa Senhora Aparecida.

Agora, são 197 as vítimas do coronavírus em Umuarama, desde o início da pandemia.

O número de diagnósticos positivos aumentou para 12.069 com o acréscimo de 103 casos, acumulados desde o último sábado até terça-feira (1º) – os novos casos são 52 mulheres, 44 homens e sete crianças. 

A cidade tem hoje 495 positivados em isolamento domiciliar, 59 pacientes hospitalizados (20 deles em unidades de terapia intensiva e 39 em enfermarias) e 2.086 pessoas com suspeita de infecção pelo coronavírus, aguardando exames ou o fim do isolamento. 

Outros 11.342 pacientes conseguiram se recuperar. As notificações de síndromes gripais acumuladas desde março do ano passado somam 30.090, das quais 15.935 foram descartadas.

A ocupação de UTIs exclusivas para covid supera os 100% – há 38 pacientes, embora o número de leitos contratados junto aos hospitais locais seja 37, e 60 pessoas em enfermarias (são 64 conveniadas ao Sistema Único de Saúde – SUS).

Autoridades buscam soluções

Por conta do colapso na saúde em Umuarama, o diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Nestor Werner Junior, e o diretor de Políticas de Urgência e Emergência, Vinícius Augusto Filipak, participaram de uma reunião com o prefeito Celso Pozzobom, no anfiteatro da Prefeitura de Umuarama, na tarde de terça-feira (1º). 

A reunião contou ainda com a participação de lideranças da região, da chefe da 12ª Regional de Saúde, Viviane Herrera, do representante da Casa Civil, Darlan Scalco, do secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, deputado Márcio Nunes, e do deputado Fernando Ernandes Martins.

“Colocamos para o secretário as dificuldades que estamos enfrentando, principalmente com a falta de UTIs e a escassez de recursos humanos, insumos e equipamentos, e ouvimos do secretário que o Estado quer auxiliar os municípios a superar este momento, mas depende dos hospitais para ampliar a oferta de leitos”,

disse Pozzobom.

A expectativa do prefeito de Umuarama e dos demais gestores é que os hospitais consigam as condições técnicas necessárias para credenciar novos leitos. “Não basta o Estado ter os recursos financeiros, é preciso disposição dos hospitais. Da parte do município temos feito o que é possível e extrapolado nossas atribuições, mas enquanto a transmissão do vírus não recuar precisamos da oferta de leitos e insumos do Estado, que tem se desdobrado”, disse.

Leia na íntegra a nota do Samu:

Boa noite a todos. Venho por meio desta comunicar que infelizmente chegamos ao esgotamento das possibilidades em dar vazão à demanda de atendimentos no município de Umuarama. As informações de que dispomos na Central de Regulação de Urgências neste momento é de que o Instituto Nossa Senhora Aparecida está fechado; Cemil e Norospar encontram-se com todo o espaço físico dos pronto socorros ocupado, sem macas; UOPECCAN ainda permanece apenas como referência para quadros suspeitos ou confirmados de COVID; Pronto Atendimento Municipal permanece em situação de esgotamento de recursos e estrutura.

Desta forma, comunico que infelizmente, não há pontos de atenção em Umuarama disponíveis para quaisquer tipos de atendimento. Em última instância, as viaturas do SAMU permanecerão paradas em frente às portas dos pronto socorros, aguardando algum tipo de remanejamento interno. Neste momento, a única UTI Móvel de toda a 12° Regional de Saúde já encontra-se parada em frente ao Pronto Socorro do Norospar. Eventuais próximas ocorrências seguirão a mesma orientação, até o empenho de todas as viaturas. Neste ponto, não haverão também ambulâncias para atender a qualquer tipo de ocorrência que por ventura apareça.