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Anvisa alertou os estados sobre os possíveis riscos de vacinar pessoas que nunca tiveram dengue

A Secretaria de Estado da Saúde informou que vai manter a oferta da vacina contra a dengue nos 30 municípios definidos para receber a campanha desde 2016. O anúncio, feito nesta quarta-feira (29), é uma resposta à Nota da Anvisa recomendando que as pessoas não expostas ao vírus da dengue não devem ser vacinadas.

A Anvisa suspeita que pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue podem desenvolver formas mais graves da doença depois de tomar a vacina.

“A possibilidade existe no caso de pessoas soronegativas (que nunca entraram em contato com o vírus) serem vacinadas e posteriormente serem expostas ao vírus da dengue, ou seja, após a picada de um mosquito infectado. A vacina em si não desencadearia um quadro grave da doença nem induzia ao aparecimento da doença de forma espontânea. Para isso, é necessário o contato posterior com o vírus da dengue por meio da picada de um mosquito infectado”, diz o comunicado da Anvisa. A agência informou ainda que a suspeita ainda não é conclusiva.

“Essa nota da Anvisa reforça a estratégia adotada pelo Estado, que ofereceu a vacina somente nos 30 municípios que concentravam 82% dos casos registrados no Paraná, 91% dos casos graves e 87% das mortes por dengue. São as cidades que enfrentaram epidemias consecutivas, com alta circulação viral e que registraram grande magnitude de casos”, esclareceu o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto.

O secretário ressalta que 80% dos casos de primeira infecção por dengue é assintomática, ou seja, a pessoa não identifica a doença. Portanto, mesmo aqueles que não tiveram o diagnóstico de dengue, mas vivem em cidades endêmicas, podem ter tido contato com o vírus, o que reforça a decisão do Paraná em vacinar nos municípios selecionados.

De acordo com a Secretaria de Saúde, as evidências científicas apresentadas pela empresa produtora demonstram claramente que a vacina não causa dengue. “O risco encontrado no estudo aponta que a possibilidade de o indivíduo vacinado não previamente exposto ao vírus da dengue desenvolver a doença com sinais de alarme é 0,5% maior do que os indivíduos não vacinados e que nunca foram expostos ao vírus”, diz a diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani. A médica ressalta, no entanto, que todos os casos identificados de manifestações adversas tiveram recuperação total, com tratamento de rotina.

A Secretaria informa que realiza o monitoramento dos vacinados nos 30 municípios que receberam a campanha e não registrou nenhuma reação adversa grave. Somente foram notificadas reações locais leves.

Além da vigilância sobre reações adversas, a pasta afirma que está sendo feito o monitoramento cruzado entre vacinados e novos casos confirmados de dengue.

“Desde agosto de 2016, quando foi definida a campanha de vacinação, foram confirmados 1.061 casos no Paraná e nenhuma morte pela doença, sendo que somente 40 pessoas vacinadas foram notificadas com dengue leve sem confirmação laboratorial, apenas suspeita clínica. Isso representa 0,01% do total de vacinados” destaca a superintendente de Vigilância em Saúde, Julia Cordellini. No período epidemiológico anterior, entre agosto de 2015 e julho de 2016, o Paraná registrou 56.351 casos e 63 mortes por dengue.

A superintendente também destaca que estão sendo feitos estudos de efetividade e segurança da vacina nos 30 municípios que receberam a campanha.