Brasil - A revista científica “The Lancet Regional Health – Americas” divulgou uma pesquisa que deixou médicos brasileiros alarmados. O crescimento significativo de diagnósticos de Doença de Parkinson é algo que precisa ser debatido no País, mas também no mundo todo.

Doença de Parkinson: projeção preocupante
De acordo com dados da pesquisa, no Brasil há mais de 500 mil pessoas, a partir dos 50 anos, sofrendo desse mal. Mas vai além disso. Até 2046 esse número pode chegar a 1,5 milhão.
Estão à frente do estudo os pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Elsi-Brasil foi quem levantou os dados, além de levantamento nacional sobre envelhecimento por parte do Ministério da Saúde.
Por meio do cruzamentos dessas informações, chegou-se às conclusões do estudo. Entretanto, essa estatística pode esconder um cenário ainda mais preocupante, pois pode estar subestimado, conforme os próprios cientistas. Isto porque o estudo sobre Doença de Parkinson levou em conta apenas o envelhecimento da população.

Na verdade, questões como a degradação do Meio Ambiente contribuem para o maior volume de casos. Sobretudo considerando o uso massivo de pesticidas e a poluição atmosférica. Há relatos, inclusive, do aumento de casos de Doença de Parkinson na população mais jovem.
Idosos, mas não apenas eles
O estudo foi feito em coleta de dados diretamente com a população, envolvendo pesquisas de porta em porta e questionários personalizados. Entre as demais informações, os idosos continuam sendo os mais afetados, sobretudo na faixa etária a partir dos 70 anos.
Além disso, a Doença de Parkinson atinge em maior grau homens. Mas também se associa a casos já existentes como AVC, depressão ou dificuldades de mobilidade.

Infelizmente, o diagnóstico efetivo da Doença de Parkinson enfrenta ainda alguns entraves. Um deles está na dificuldade de se conceder um diagnóstico preciso – em muitos casos, os pacientes são tratados como “parkinsonianos”, ou seja, têm “provavelmente” a doença.
Vale citar ainda as dificuldades de atendimento médico em regiões mais isoladas no país.
“A pesquisa reforça a urgência de investimentos em políticas públicas que promovam diagnóstico precoce, acesso a neurologistas e cuidados de longo prazo, especialmente diante do envelhecimento acelerado da população brasileira”, diz o médico Artur F. Schumacher Schuh, um dos autores do artigo e chefe do Serviço de Neurologia do HCPA.