Durante entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (26), para anunciar as novas medidas de combate à covid-19 em Curitiba, a secretária municipal de saúde ressaltou que é preciso que a sociedade se adapte ao momento pelo qual o mundo passa. Para Márcia Huçulak, as pessoas têm resistido às mudanças impostas pela pandemia na tentativa de manter a vida como era antes, no entanto, isso não é mais possível.
“Esse é um momento muito difícil para a humanidade. A gente não tem noção, talvez não tenha dimensão do quanto isso vai afetar o mundo, as relações, o comércio, a indústria, as viagens. Nós temos um longo caminho pela frente. O ano passado quando a gente começou a pandemia, a gente dizia pela nossa experiência de muitos anos, a gente já viveu epidemia de gripe, H1N1, Sarampo e outras, que quando a gente olha para a história da saúde com as pandemias e epidemias do mundo, algumas durante três, algumas quatro anos, alguma dizimaram grande parte da humanidade, a peste negra, a gripe espanhola, são alguns exemplos de alta mortalidade e de longo período. É muito difícil quando se começa um processo que as pessoas têm muita dificuldade de se adaptar a esse novo momento. Já dizia Darwin: ‘Sobrevive quem se adapta, nem o mais fraco e nem o mais forte’ e a sociedade está resistindo a se adaptar. Há uma mudança em curso e as pessoas não estão percebendo, querem continuar vivendo da mesma maneira. Não é mais possível e não será mais possível”, disse Huçulak.
A secretária também ressaltou que muito dessa relutância é incentivada pela divulgação e insistência no uso de medicamentos sem a eficácia comprovada. “A gente entende que para o comerciante que é um leigo, ele quer o comércio dele aberto do jeito que ele sempre fez, ele quer voltar a academia dele do jeito que ele sempre fez, ele quer voltar jogar futebol na cancha. Aí, criou-se essa fantasia, muito patrocinada e todo mundo sabe pelo nosso dirigente maior desse país, infelizmente, sem nenhum embasamento científico, sem nenhuma evidência científica. As pessoas se apegaram a uma pílula milagrosa que vai salvar o mundo. Que bom se fosse. A gente adoraria”.
“Já dizia Darwin: ‘Sobrevive quem se adapta, nem o mais fraco e nem o mais forte’ e a sociedade está resistindo a se adaptar. Há uma mudança em curso e as pessoas não estão percebendo, querem continuar vivendo da mesma maneira. Não é mais possível e não será mais possível”, Márcia Huçulak.
Ela ainda completou lembrando que no início da pandemia, quando havia a suspeita de que medicamentos como Cloroquina, Hidroxicloroquina, Ivermectina, entre outros, eram benéficos para o tratamento da covid-19, a Secretária de Saúde Municipal chegou a prescrever o uso de algumas drogas. No entanto, já entre junho e julho de 2020, foi possível constatar que os remédios em questão não trazem nenhum tipo de vantagem para os infectados pelo novo coronavírus.
“Vendeu-se uma ilusão para as pessoas. Eu só lamento. Hoje no mundo atual, no dia 26 de março de 2021, não tem o menor cabimento defender. A própria indústria farmacêutica, a produtora da Ivermectina já disse que não serve para covid. A própria indústria que já ganhou muito dinheiro, que tem gente com interesse de vender e, inclusive, de prescrever isso, mas que deve ter outro interesse que não deve ser a saúde da população certamente. Nós temos muitos pacientes dentro do sistema de saúde de Curitiba que tomaram e morreram. Foram para o tubo com complicações e a gente até se questiona, se não tivesse tomado, se o desfecho poderia ser talvez ser diferente”, disse a secretária.
“Lamento que as pessoas usem isso para dizer que lockdown não funciona, máscara não funciona, distanciamento não funciona. Funciona sim e infelizmente não há uma droga ainda no mundo que possa dar conta disso”, finalizou Huçulak.
