Casos confirmados da febre chikungunya aumentaram 15 vezes de 2015 para 2016
O governo prevê um aumento significativo de casos de infecção pelo vírus Chikungunya no Brasil em 2017, conforme alerta do ministro da Saúde, Ricardo Barros, feito nessa quinta-feira (24). Os casos confirmados da febre chikungunya aumentaram 15 vezes de 2015 para este ano (de 8.528 para 134.910) e as suspeitas da doença, quase dez vezes (de 26.763 para 251.051).
Barros destacou ainda que, para 2017, a expectativa é de que os casos de infecção por dengue e pelo vírus Zika se mantenham estáveis em relação ao que foi registrado em 2016. “Estamos nos preparando para um aumento de casos de chikungunya”, enfatizou o ministro.
Em 2016, foram resgistrados pelo menos 138 óbitos por febre chikungunya nos seguintes estados: Pernambuco (54), Paraíba (31), Rio Grande do Norte (19), Ceará (14), Bahia (5), Rio de Janeiro (5), Maranhão (5), Alagoas (2), Piauí (1), Amapá (1) e Distrito Federal (1). Atualmente, 2.281 municípios brasileiros já registraram casos da doença.
Dados divulgados pelo ministério apontam que 855 cidades brasileiras estão em situação de alerta ou de risco de surto de dengue, chikungunya e Zika. O número representa 37,4% dos municípios pesquisados.
Alerta dos Pesquisadores
De acordo com o entomologista Rafael Freitas, da Fiocruz, “todos os dados epidemiológicos até agora sugerem que o próximo verão vai ter uma transmissão mais intensa dessa doença chikungunya. E está encontrando uma população de seres humanos ainda suscetível a esse vírus que nunca tiveram contato com ele”.
A doença além de causar desconforto, pode deixar danos permanentes no paciente como lesão nas articulações das mãos e pés, que podem durar para o resto da vida.
A melhor forma de combater o mosquito é exterminar logo na fase larval, antes dele ter asas para voar e conseguir infectar os seres humanos. “Com um larvicida de uso doméstico, conseguimos acabar com todos os ovos que uma fêmea coloca por vez, cerca de 200. enquanto que o uso de inseticidas combate um a um o mosquito da dengue explica Milton Braida, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Dexter Latina, indústria química especializada no combate ao Aedes aegypti.
“Interromper o desenvolvimento das larvas do Aedes aegypti, que possui rápido ciclo evolutivo, é a maneira mais eficiente de controlar a proliferação da dengue”, garante o pesquisador. Além de numericamente mais eficaz, os efeitos do larvicida, após sua aplicação, podem durar até 60 dias, enquanto o efeito do inseticida para o controle de mosquitos adultos, se dispersa rapidamente no ar.
O uso do larvicida é um avanço para as estratégias de combate doméstico: “O uso deve ser a primeira etapa de combate à infestação. O uso doméstico faz com que o combate aconteça no criadouro do mosquito. É quase impossível combater, a cada sete dias (período de desenvolvimento das larvas do Aedes), centenas de novos insetos”, alerta Braida.
Para efeito comparativo, uma fêmea pode dar origem a 1,5 mil mosquitos durante sua vida e seus ovos são distribuídos por diversos criadouros, o que garante a dispersão da dengue. “As pessoas precisam entender a importância do uso dos larvicidas, por sua eficiência e praticidade”, ressalta Braida. Além do uso simples e efeito duradouro, o larvicida não oferece riscos ao meio ambiente, à saúde humana e aos animais domésticos.
Matando o mosquito antes de criar asas
Os maiores índices de criadouros do mosquito da dengue apontados pelo Ministério da Saúde são registrados em residências. Diferente dos inseticidas comuns, a fórmula do mata-larvas age como um regulador de crescimento dos insetos. Para se transformar em mosquito, o Aedes aegypti passa por quatro estágios: ovos, larva, pupa e, então, mosquito. Na fase larval, depois da eclosão de ovos, que normalmente acontece em 48 horas, o futuro mosquito está se desenvolvendo.
O princípio ativo Pyriproxyfen impede que o exoesqueleto da larva, estrutura externa localizada fora do corpo dos invertebrados, se desenvolva e chegue à fase adulta. Dessa maneira, a larva não se transforma em mosquito e morrerá, antes de se desenvolver. “O ciclo do inseto se completa em sete dias. Sem o uso do larvicida, a pessoa tem que limpar toda semana os pontos de acúmulo de água, como vasos de plantas, calhas de telhados e cerca de cacos de vidros nos muros. Se o larvicida for aplicado nesses locais, a proteção dura até 60 dias, sem necessidade de novas aplicações”, exemplifica Braida.
A longa duração do larvicida existe graças à tecnologia de microcápsulas. Elas armazenam parte do princípio ativo do produto e se rompem gradualmente com a ação do tempo e em contato com a água. Assim, o larvicida pode ser aplicado em superfícies secas e o princípio ativo só é liberado e age sobre as larvas quando o local tiver água acumulada. Por isso, para proteger todas as casas brasileiras contra o mosquito da dengue, basta uma aplicação de larvicida a cada dois meses, ou quando houver uma grande reposição de água em cisternas, poços ou piscinas sem uso.