O governo estadual irá abrir 32 novos leitos exclusivos para covid-19 em Cascavel, no oeste do Paraná, nos próximos dias. Serão 22 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 10 de enfermaria. A medida foi tomada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para auxiliar o município que atingiu a ocupação de 100% dos leitos exclusivos para pacientes infectados com o novo coronavírus há alguns dias. 

A secretaria informou que os leitos serão distribuídos da seguinte forma: 

  • 12 leitos de UTI e 10 de enfermaria no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP); 
  • 10 UTIs no Hospital Municipal.

Com isso, o Hospital Universitário passa a ter 75 leitos, sendo 50 de UTI e 25 de enfermaria.

“O quadro é muito grave. O Governo do Paraná está fazendo todo o investimento possível para ampliar a estrutura em Cascavel. Apenas com equipamentos e diárias de leitos já aplicamos na cidade R$ 50 milhões. Mas a estrutura é finita. Precisamos contar com o apoio da população, para que acate o pedido de ficar em casa neste momento”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Covid-19 em Cascavel

Segundo o boletim epidemiológico, divulgado pela Sesa na terça-feira (2), com 97% dos leitos exclusivos para covid-19 ocupados, a macrorregião oeste do Paraná, da qual Cascavel faz parte, apresenta o pior índice de ocupação de todas as macrorregiões do estado.

Ainda conforme dados do dia 2 de março, 160 pacientes aguardam vagas para leitos de UTIs nos municípios que compõe a macrorregião oeste, 81 UTIs e 79 leitos de enfermaria.

Em entrevista, nesta quarta-feira (3), Beto Preto declarou que a situação do Paraná é dramática e que o sistema de saúde está “entrando no colapso”. Durante a conversa, ele pontuou que 92% dos leitos de UTI adulto, destinados a pacientes com covid-19, estão ocupados no Paraná, e que 699 pessoas aguardam a liberação de uma vaga para internamento.

“Você que infelizmente, que acha que a pandemia já acabou, que está saindo de casa, não achem que queremos interromper a atividade de alguém. Nós queremos o Paraná trabalhando, mas atualmente temos, 600, 700 pessoas aguardando um leito”, comentou Beto Preto na sede do Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar).

No último sábado (27), uma enfermeira, que preferiu não se identificar, contou ao site RIC Mais que o número de atendimentos no estabelecimento de saúde em que trabalha mais do que triplicou em comparação com o pior período enfrentado em 2020. 

“Se for comparar com o pico da pandemia do ano passado, só nessa semana, mais do que triplicaram os atendimentos. São muitos pacientes jovens, sem comorbidades, com dificuldade respiratória com baixa saturação e precisando de oxigênio. Muitos pacientes idosos que antes a gente conseguia tratar em casa e agora estão precisando de oxigênio. Pacientes que precisam de internamento e a gente não consegue direcionar para os hospitais porque não tem vaga, não tem leito. Não tem como mandar esses pacientes para casa porque também não tem mais cilindro de oxigênio, nem transformador que um aparelho que a gente usa para o paciente ficar em casa”, relata. 

Ela ainda completou ressaltando que o cenário esperado para as próximas semanas não é nada animador:

“Essa semana a gente atendeu mais de 400 pacientes, mais ou menos 70% desses casos estão positivando, desses uns 30% são pacientes graves. A equipe está saturada, a gente está trabalhando sem parar, atendendo um atrás do outro. A gente está tendo que transferir nossos pacientes para outras regionais, onde também estão acabando as vagas. A tendência é que piore na semana que vem porque até tem leitos que estão vagando, mas os leitos que estão vagando não é porque as pessoas estão melhorando e indo para para casa. É porque as pessoas estão morrendo com três, quatro dias de internamento. São casos que evoluem muito rápido. Está bem complicado. Bem difícil”, desabafa a profissional de saúde.