As Santas Casas e hospitais filantrópicos de todo o País fizeram uma paralisação no atendimento, nesta terça-feira (19). O objetivo é mostrar a crise financeira que atinge o setor.

Funcionários do hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, colaram adesivos da campanha no uniforme. Batizada de “Chega de Silêncio”, a campanha quer chamar atenção para o déficit financeiro que atinge o setor, em especial à defasagem dos repasses feitos pelo SUS.

Nos últimos dois anos, o Pequeno Príncipe acumulou um déficit no orçamento de R$ 87 milhões.

“No ano de 2020, tivemos R$ 35 milhões de prejuízo na assistência em saúde. Em 2021, formam R$ 51 milhões. Então, nesses dois anos de pandemia, estamos falando de R$ 87 milhões. Isso foi coberto com uma receita muito importante que foram as doações e os investimentos que a sociedade, as empresas e as pessoas, fazem no nosso trabalho e permitiram que a gente superasse isso”,

disse José Álvaro Carneiro, diretor do Pequeno Príncipe.

Os atendimento eletivos nos hospitais São Vicente, Evangélico e Santa Casa, em Curitiba, foram suspensos. Foram atendidos somente casos de urgência e emergência. As pessoas que tinham exames ou cirurgias marcadas precisaram remarcar os atendimentos. Os hospitais filantrópicos são responsáveis por 70% dos procedimentos de alta complecidade no País.

Em Toledo, no oeste do Paraná, o Hospital Bom Jesus também aderiu à paralisação. E por lá, a situação é muito crítica.

Não existe mais recurso disponível na instituição pra poder fazer o atendimento ambulatorial, as internações, as cirurgias. As instituições acabam subfinanciando essa conta e acabam entrando em dívidas”,

disse Itamar Vivan, enfermeiro e adminsitrador do Hospital Bom Jesus.

O diretor do Hospital Evangélico de Londrina falou sobre as principais dificuldades no setor.

“Para o pronto socorro do SUS a gente tem uma capacidade teórica de internação, no geral, de 480 internações. E hoje nós estamos realizando quase o dobro, 707 internações por mês. Isso com os mesmo recursos, sem extra teto, os valores são os mesmos para atender o dobro do que estamos atendendo”,

afirma Eduardo Otoni, administrador do Hospital Evangélico de Londrina.

Em todo o Brasil, o déficit de recursos das instituições chega a R$ 17,2 bilhões por ano, o que compromete a prestação de serviços a pacientes do SUS.

Adesões

Na fim da tarde desta terça-feira (19), a CMB (Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos), que organiza a campanha “Chega de Silêncio”, divulgou um balanço da campanha. Estima-se que 70% das instituições aderiam ao ato, em 17 estados brasileiros.

“As Santas Casas e hospitais filantrópicos requerem a alocação de recursos na ordem de R$ 17,2 bilhões, anualmente, em caráter de urgência, como única alternativa de assunção das obrigações trabalhistas decorrentes do projeto de lei 2564/20 – que institui o piso salarial da enfermagem, com impacto estimado em R$ 6,3 bilhões, porém, sem indicação de alternativa de financiamento; assim como para a adequação ao equilíbrio econômico no relacionamento com o SUS”,

disse a CMB em nota.