Jornalistas que acompanhavam a entrevista do presidente Jair Bolsonaro, em frente ao Palácio da Alvorada, na manhã desta terça-feira (31) deixaram o local depois que o mandatário estimulou seus apoiadores para que ofendessem os profissionais.

A situação ocorreu depois que um repórter perguntou ao presidente sobre as orientações dadas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a crise do coronavírus, as quais têm sido notadamente contrárias à posição de Bolsonaro

“Eu não sei o que ele falou. Eu tenho que ver, porque acreditar no que está escrito… ninguém se esqueça que eu sou o presidente. Eu sou o presidente”, respondeu o presidente.

Nesse momento, então, um dos apoiadores, que tem um canal no YouTube, começou a gritar que a imprensa “colocava o povo contra o presidente” e foi incentivado por ele: 

“É ele que vai falar, não é vocês não”, declarou Bolsonaro.

Com a atitude do presidente, seus partidários engrossaram o discurso contra a imprensa e passaram a xingar os jornalistas e declarar que com a internet ninguém mais precisa de jornalistas já que eles “se informam uns com os outros.”

Hostilizados, os profissionais optaram por se retirar e ainda foram ironizados: 

“Mas vão abandonar o povo? Nunca vi isso, a imprensa que não gosta do povo”, gritou Bolsonaro. 

Bolsonaro defende volta ao trabalho

Depois que os jornalistas abandonaram a entrevista, o presidente continuou falando com seus apoiadores e defendendo o “isolamento vertical”. Opinião contrária a do ministro da saúde que é a favor, pelo menos por enquanto, de que o máximo de pessoas fique em casa para frear a disseminação do novo coronavírus

“Quem tem menos de 40 anos de idade, a chance de óbito é quase zero. Então não tem porque não deixar esse pessoal trabalhar. Afinal de contas, se o vírus mata em alguns casos, a fome também mata”, disse Bolsonaro.