Entre os gatilhos de piora da sudorese excessiva estão a predisposição, o estresse e a ansiedade. (Foto: Flickr)

A dermatologista Larissa Montanheiro, do Hospital Sírio-Libanês, diz que a questão vai muito além da higiene e pode causar constrangimento e exclusão

A hiperidrose é uma sudorese excessiva que interfere no convívio social. A dermatologista Larissa Montanheiro, do Hospital Sírio-Libanês, explica que pode ocorrer no corpo todo ou de forma localizada nas mãos, pés ou axilas, por exemplo, regiões onde há mais glândulas sudoríparas. Os problemas com o suor e o mau cheiro que ele gera, muitas vezes, leva ao isolamento.

O “cecê” acontece quando não há apenas suor, mas um cheiro forte, chamado de bromidrose. Esse cheiro é causado por bactérias que moram na pele e, com essa produção anormal de suor, colonizam a região. Conforme produzem substâncias próprias, o cheiro ruim é exalado. De maneira geral, o cheiro de suor pode ser agravado quando se ingere alimentos específicos, como alho, cebola e algumas especiarias, já que o odor da comida também pode ser liberado por meio da transpiração. Um curiosidade: a expressão “cecê” surgiu nos anos 1950 e é uma derivação de “cheiro do corpo”.

Entre os gatilhos de piora da sudorese excessiva estão a predisposição, o estresse e a ansiedade, segundo a dermatologista. Determinados períodos da vida, como a puberdade e a menopausa, podem piorar o problema, já que nessas fases há oscilação hormonal e alteração metabólica, que aumentam a produção de suor. Na adolescência, há elevação da testosterona, e na menopausa, há queda do nível de estrógeno, que dilata os vasos sanguíneos, aumentando a produção de suor. A dermatologista afirma que, ao longo do envelhecimento, a quantidade de produção de suor vai diminuindo.

Muitas vezes o suor em grande quantidade chega a manchar roupas. Quando a hiperidrose se manifesta em várias partes do corpo, a dermatologista orienta que se consulte um médico para investigação. Isso porque podem haver problemas associados, como a produção desregulada de hormônio produzido pela tireóide, alguns tipos de linfoma, doenças infecciosas e até manifestação de câncer.

Para medir o tamanho do problema, o médico dermatologista faz o teste do amidoiodo, colocando uma dosagem de iodo no local e depois amido, de maneira a notar a quantidade e até extensão do problema. Dessa maneira, o médico pode determinar qual o tratamento mais eficaz para o caso.

A hiperidrose é uma sudorese excessiva que interfere no convívio social. (Foto: Pexels)

Para evitar esse problema, a dermatologista afirma que a pessoa deve fazer uso de antitranspirantes, que são substâncias que bloqueiam o suor, diferentemente do desodorante, que apenas ameniza o cheiro. Quando o antitranspirante não é suficiente, é preciso consultar um dermatologista para avaliar a situação e recomendar outros métodos, que incluem medicamentos via oral, uso de antitranspirantes com antibióticos, aplicação de toxina botulínica, que tem duração de um ano e bloqueia o estímulo de produção de suor nas glândulas do local aplicado, métodos a laser, que diminui a produção de suor, ou até cirurgia, que destrói as glândulas sudoríparas locais .

A dermatologista afirma que alguns cuidados também podem ajudar a diminuir e driblar o “cecê”, como evitar o consumo de alimentos com odores fortes, usar sabonetes antissépticos na axila, retirando a bactéria daquele local, não esfregar muito o local, pois pode feri-lo e estimular a produção de suor, evitar usar roupas escuras, pois elas absorvem mais o calor e estimulam a produção de suor e controlar o estresse e a ansiedade

Se o cheiro pegar a pessoa desprevenida durante o dia, a dermatologista aconselha a beber bastante água e ir para um ambiente mais aberto, com maior ventilação, usar o desodorante para diminuir o cheiro e sempre levar outra blusa, como reserva. No caso de mulheres na menopausa, indica se avalie a reposição hormonal. Segundo ela, um método que ajuda a enfrentar o problema é aplicar leite de magnésia no local para diminuir o odor

Para a “rodela de pizza” debaixo dos braços, a dermatologista afirma que existem protetores que funcionam de maneira absorvente e podem ser colocados na blusa. Ela explica que esse protetor, que lembra ombreiras, não deve ser colocado diretamente na pele, pois, abafa a axila e faz com que haja aumento na produção de suor.