Existe vacina para alguns tipos da bactéria de Meningite meningocócica. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Vinte em cada 100 pessoas morrem ao contrair Meningite meningocócica e 40% ficam com sequelas

A meningite meningocócica – doença que vitimou o neto do ex-presidente Lula Arthur Lula da Silva, 7 anos – é uma doença infecciosa bacteriana com letalidade de 20% que afeta na maioria das vezes crianças, principalmente abaixo dos 2 anos de idade, de acordo com o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Meningite meningocócica

“As crianças sãos as principais vítimas porque são mais vulneráveis e ainda não dispõem do sistema imunológico completamente formado”, explica. Ainda conforme o especialista, trata-se de uma doença de evolução rápida, cujos sintomas são febre alta, dor de cabeça e dor no pescoço.

Ela é transmitida por meio das vias respiratórias, ou seja, gotículas e secreções do nariz e da garganta e causa inflamação aguda das membranas protetoras que revestem o cérebro e a medula espinal, denominadas coletivamente por meninges. Ela pode ser causada por vários agentes infecciosos (bactérias, vírus ou fungos).

A Meningite meningocócica é um processo inflamatório nas meninges. (Foto: Dreamstime)

A meningocócica – causada por uma bactéria – é considerada uma das formas mais graves, junto com a pneumocócica, da doença. Em 2017, 266 pessoas morreram em decorrência dela, enquanto em 2018 o número caiu para 218, segundo o Ministério da Saúde.

São várias as bactérias que podem provocá-la, como Treponema pallidum, Mycobacterium tuberculosis,  Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Listeria monocytogenes, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis meningococo), Streptococcus sp e Escherichia coli. A incidência de cada uma delas está diretamente ligada a faixa etária dos pacientes.

Sequelas de meningite meningocócica

Conforme Cunha, aproximadamente 40% dos pacientes que contraem meningite meningocócica ficam com sequelas como amputação dos membros, problemas neurológicos definitivos e surdez, entre outros. No entanto, a maioria consegue sobreviver se tratando com antibióticos.

Vacinas meningite

O pediatra explica que existem vários tipos de meningococo, a bactéria que causa a doença. Para a meningite meningocócica C a rede pública de saúde oferece a imunização gratuitamente e, desde 2010, foi instituído pelo Ministério da Saúde a recomendação da vacinação para adolescentes entre 11 e 14 anos. “Adolescentes e jovens adultos, até 25 anos, são os principais portadores dessa bactéria. Embora não desenvolvam a doença, eles a transmitem. São os chamados portadores sãos”, afirma.

Cunha ressalta que também existem vacinas para os tipos A, B, W e Y de meningococo, mas que não são disponibilizadas pela rede pública, apenas pelas clínicas privadas. Essas vacinas são indicadas na infância e são recomendadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Doses vacina

As doses de cada vacina dependem da faixa etária. Na infância, normalmente, são várias doses. No caso da vacina contra meningite meningocócica C, o recomendado é uma dose aos 3 meses, outra aos 5 meses e um reforço com 1 ano de vida, de acordo com o pediatra. Ele ressalta a importância de outro reforço entre 11 e 14 anos. A vacina está disponível na rede pública até os 5 anos de idade.

“O adolescente que não foi vacinado na infância vai receber uma dose única”, afirma.

Já a vacina contra o tipo B é ministrada aos 3, 5 e 7 meses, com reforço depois de 1 ano de vida e, em adultos, em duas doses, com intervalo de dois meses.

Há ainda uma vacina contra os tipos A, C, W e Y. Em bebês, deve ser dada aos 3, 5 e 7 meses com reforço após 12 meses e outros reforços a cada cinco anos. Já na idade adulta sua dose é única. “Vale ressaltar que a meningite ocorre principalmente na infância”, explica. A vacinação no adulto é para prevenir a transmissão da bactéria para a criança.

Cunha frisa que, quando um caso é diagnosticado, é realizada a profilaxia antibiótica com pessoas de seu convívio, como familiares e colegas da escola.

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