Pode parecer inusitado, mas o nosso corpo tem memória. Conforme especialistas, as lembranças de nossas experiências motoras estão intimamente ligadas às sensações. Diante disso, tal capacidade torna-se essencial para pacientes que enfrentam o Acidente Vascular Cerebral (AVC), Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), entre outras doenças, nas quais se faz necessário ativar as recordações para a reabilitação motora.

Como explica a terapeuta ocupacional Syomara Szmidziuk, pacientes que sofreram um AVC, por exemplo, podem ter perdas sensoriais significativas em determinadas partes do corpo e, com isso, não respondem a estímulos táteis feitos pelo terapeuta.

O mesmo pode ocorrer com quem sofreu outro tipo de lesão ou sofre de Parkinson ou Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), entre outros”,

explica a profissional com mais de 30 anos de experiência em reabilitação motora.

Conforme Szmidziuk, é possível que os pacientes não respondam por não reconhecerem aquelas sensações. Nesse caso, o terapia pode, por meio da linguagem, associar os estímulos a lembranças pessoais, como os pelos de seu cachorro ou o tapete de sua casa, por exemplo. Assim, há maiores chances de que a pessoa em tratamento reconheça as sensações e volte a apresentar sensibilidade na região do corpo que está sendo trabalhada.

O Método Perfetti, desenvolvido nos anos 1970 na Itália e crescente hoje no Brasil, auxilia tanto crianças quanto adultos que sofrem de maneira crônica ou aguda os efeitos de lesões neurológicas.

“Nosso corpo é um sistema que muda a cada dia a partir de nossas experiências, e os métodos de recuperação devem mudar também”,

salienta a terapeuta.

Pelo Método Perfetti, o paciente reaprende movimentos pela integração entre a mente e o corpo, pois o aspecto cognitivo está intimamente ligado ao funcionamento motor.

“A reabilitação neurocognitiva considera o corpo e a mente como entes inseparáveis e reconstrói essa relação por meio de exercícios. Por meio da linguagem, o paciente exprime sua realidade e o terapeuta o guia para redescobrir o próprio corpo – ele irá sentir como se mover melhor”,

finaliza a profissional.