A atriz mirim Millena Brandão, de 11 anos, teve a morte encefálica confirmada há uma semana no Hospital Geral de Grajaú, na Zona Sul de São Paulo. Internada desde a última terça-feira (29) em estado gravíssimo, a jovem lutava contra um tumor cerebral. De acordo com familiares, a jovem começou a apresentar sintomas como dores intensas de cabeça e na perna, sonolência excessiva, falta de apetite e episódios de desmaio. A morte precoce levantou um alerta sobre a importância de reconhecer os sinais.

Maio é o mês do “Maio Cinza”, campanha que chama atenção para os tumores cerebrais. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os tumores do sistema nervoso central representam cerca de 4% de todos os cânceres no Brasil e estão entre os dez que mais causam mortes no país.
Uma das situações mais comuns dentro dessa realidade é o diagnóstico incidental de meningioma — o tumor cerebral mais frequente em adultos. Muitas vezes, ele é descoberto por acaso, em exames como a ressonância magnética solicitada para investigar dores de cabeça persistentes, tonturas, ou até mesmo em check-ups preventivos.
“Receber o diagnóstico de um meningioma pode gerar grande apreensão, mas é importante lembrar que nem todo tumor exige tratamento imediato ou agressivo”, explica o Dr. Denildo Veríssimo, neurocirurgião especialista em tumores cerebrais, cirurgia da coluna e técnicas minimamente invasivas, com atuação nos hospitais Nossa Senhora das Graças, Pilar e Sugisawa, em Curitiba.
Morte de atriz mirim vítima de tumor cerebral: o que é meningioma
O meningioma é, na maioria dos casos, um tumor benigno, que se desenvolve a partir das meninges — membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. De crescimento lento, muitos desses tumores podem permanecer estáveis por anos sem causar sintomas graves.
“Em alguns casos, o acompanhamento clínico com exames periódicos é suficiente. Porém, quando o tumor apresenta crescimento significativo ou começa a gerar sintomas como alterações visuais, dores de cabeça intensas ou dificuldades motoras, a cirurgia pode ser indicada”, orienta o especialista.
E se o tumor for maligno?
Embora sejam minoria, cerca de 10% dos meningiomas podem ser atípicos ou malignos, apresentando comportamento mais agressivo. Nesses casos, a estratégia de tratamento muda. “Quando identificamos um tumor com características de maior agressividade, o planejamento envolve cirurgia para ressecção máxima possível da lesão e, em alguns casos, complementação com radioterapia. Cada decisão é cuidadosamente avaliada de acordo com o perfil do paciente e a localização do tumor”, reforça o Dr. Denildo.
O avanço das técnicas minimamente invasivas em neurocirurgia também tem ampliado as opções de tratamento, mesmo em casos mais desafiadores. “Hoje, conseguimos, em muitos casos, fazer abordagens cirúrgicas menos agressivas, o que reduz o tempo de internação, minimiza o risco de complicações e acelera a recuperação”, completa o neurocirurgião.
E quando o tumor está em local de difícil acesso?
Quando o meningioma está localizado em áreas delicadas do cérebro — próximas a vasos sanguíneos importantes, nervos ou regiões profundas —, o planejamento cirúrgico requer ainda mais precisão. “Nestes casos, utilizamos tecnologias como a neuronavegação, o monitoramento neurofisiológico intraoperatório e técnicas de cirurgia minimamente invasiva para aumentar a segurança do procedimento e preservar ao máximo as funções neurológicas do paciente”, explica o neurocirurgião. Em algumas situações específicas, o tratamento pode incluir a radiocirurgia, uma técnica que utiliza feixes de radiação altamente concentrados para controlar o tumor sem a necessidade de abertura do crânio.
Atenção aos sinais:
Embora muitos meningiomas sejam silenciosos, é fundamental estar atento a sintomas que podem indicar a necessidade de investigação, como:
- Dores de cabeça persistentes e sem causa aparente;
- Mudanças na visão ou audição;
- Perda de força ou sensibilidade em alguma parte do corpo;
- Convulsões de início recente;
- Alterações cognitivas ou de comportamento.
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