Mosquito geneticamente modificado foi criado para auxiliar na eliminação do selvagem, transmissor da dengue (Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

Machos buscam e copulam com as fêmeas, transmitindo aos descendentes um gene autolimitante, diz empresa. Área tratada abrange 60 mil moradores da cidade

O mosquito aedes aegypti geneticamente modificado começou a ser solto nesta terça-feira (6) na região central e em outros dez bairros de Piracicaba, no interior de São Paulo. A área tratada abrange 60 mil moradores. O mosquito foi desenvolvido para combater seu parente selvagem, transmissor da dengue, chikungunya e zika.

O projeto, da prefeitura em parceira com uma empresa privada, é realizado desde março de 2015 no bairro Cecap/Eldorado, na periferia, e apresentou redução de mais de 80% na infestação do transmissor.

Inicialmente, serão soltos dois milhões de exemplares por semana na nova região. Assim que a fábrica de aedes transgênicos entrar em operação, em novembro, a quantidade será aumentada para, pelo menos, 10 milhões por semana. De acordo com o gerente do projeto, Guilherme Trivellato, o uso do mosquito modificado deve apresentar os primeiros resultados, com a queda na população de transmissores, em um período de três a seis meses. 

Trivellato disse que, durante as últimas treze semanas, a população foi orientada sobre a soltura e os impactos a serem produzidos. “Explicamos que o nosso aedes é o mosquito macho, que não pica as pessoas, portanto é incapaz de transmitir doenças”, afirmou.

Ainda segundo o gerente, mesmo com a iniciativa, a população tem de continuar fazendo sua parte na eliminação de possíveis criadouros.

Combate
O mosquito desenvolvido pela Oxitec, que foi registrado com o nome de Aedes do Bem, age no controle da população de mosquitos selvagens. Ao serem liberados em áreas urbanas, os machos buscam e copulam com as fêmeas, transmitindo aos descendentes um gene autolimitante, que faz com que eles morram antes de atingirem a idade de reprodução. 

Os filhotes também herdam um marcador fluorescente que permite que sejam identificados em laboratório, possibilitando o rastreamento e avaliação da eficácia no controle populacional. De acordo com a empresa, os estudos demonstraram que o aedes transgênico não causa impacto ambiental, já que seus descendentes não persistem no ecossistema.