Nos últimos meses, um novo nome passou a circular com força nas redes sociais, consultórios médicos e academias: Mounjaro. Apelidado de “Ozempic dos ricos”, o medicamento ganhou fama por seu efeito colateral “bem-vindo” de promover uma rápida perda de peso. Desenvolvido originalmente para tratar o diabetes tipo 2, o Mounjaro se tornou uma espécie de queridinho entre celebridades e influenciadores em busca do corpo ideal. Mas, assim como aconteceu com o Ozempic, o uso off-label – ou seja, fora das indicações aprovadas – levanta alertas sobre riscos à saúde, principalmente quando feito sem acompanhamento médico.

embalagem e ampola de Mounjaro, remédio para diabetes usado para emagrecimento
Remédio foi desenvolvido para o controle de diabetes, mas é usado como emagrecedor (Foto: Unsplash)

O que é o Mounjaro?

O Mounjaro é o nome comercial do princípio ativo tirzepatida, um medicamento injetável desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly. A droga foi aprovada em 2022 pela FDA (a agência reguladora dos Estados Unidos, equivalente à Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2. A tirzepatida age imitando dois hormônios intestinais: GLP-1 (o mesmo alvo do Ozempic) e GIP, que juntos ajudam a regular os níveis de açúcar no sangue e a sensação de saciedade após as refeições.

Essa combinação inédita de ação dupla faz com que o Mounjaro tenha efeito ainda mais potente na perda de peso do que outros medicamentos similares – como o Ozempic, que atua apenas no GLP-1. Em ensaios clínicos, pacientes que tomaram tirzepatida perderam, em média, entre 15% e 22% do peso corporal total, resultados que se aproximam de uma cirurgia bariátrica.

De remédio para diabetes a fórmula do emagrecimento

O uso do Mounjaro como auxiliar na perda de peso começou a se expandir mesmo antes de sua aprovação formal para esse fim. Em 2023, a FDA aprovou uma nova versão da tirzepatida, chamada Zepbound, destinada especificamente ao tratamento da obesidade e do sobrepeso em pessoas com problemas relacionados, como pressão alta ou colesterol elevado.

Mas mesmo antes dessa aprovação, clínicas privadas e prescrições médicas alternativas já vinham utilizando o Mounjaro para fins estéticos. Rapidamente, o medicamento se tornou um símbolo de status entre celebridades e milionários, devido ao seu preço elevado – pode ultrapassar R$ 2 mil por aplicação nos Estados Unidos, muito mais caro que o já popular Ozempic, também desenvolvido para o tratamento de diabetes e utilizado como emagrecedor.

embalagem de Ozempic, remédio para diabetes usado para emagrecimento
Mounjaro “conquistou o espaço” anteriormente ocupado pelo Ozempic (Foto: Unsplash)

Quem está usando o Mounjaro?

Várias personalidades internacionais foram apontadas como usuárias do Mounjaro ou de medicamentos similares para emagrecer. Embora muitos não confirmem oficialmente, a imprensa internacional citou nomes como Elon Musk, Oprah Winfrey e Amy Schumer como adeptos da nova geração de medicamentos para controle de peso.

A comediante e atriz Amy Schumer chegou a declarar, em entrevistas, que usou por um tempo remédios injetáveis para emagrecer, mas desistiu após efeitos colaterais indesejáveis. Já Oprah afirmou que o uso de medicamentos foi fundamental para conseguir manter o peso sob controle após décadas de dietas fracassadas.

Além disso, há relatos não confirmados sobre influenciadoras digitais, empresárias e até executivos do Vale do Silício que aderiram à moda do Mounjaro, impulsionando ainda mais a demanda – e a especulação.

Elon Musk com boné vermelho.
Elon Musk é apontado como um dos “fãs” do medicamento (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

Quais os riscos de utilizar remédios para outros fins?

Embora os resultados de emagrecimento chamem atenção, especialistas alertam: o Mounjaro não é uma solução mágica e não deve ser usado sem prescrição médica. Seu uso indevido pode causar uma série de efeitos colaterais, que vão desde os mais leves, como náusea, vômito, constipação e diarreia, até mais graves, como hipoglicemia, pancreatite e problemas na vesícula biliar.

Além disso, a perda de peso acelerada pode levar a perda de massa muscular, desnutrição e até efeitos psicológicos, como ansiedade e distúrbios alimentares, especialmente quando associada à pressão estética.

Outro ponto preocupante é a falta de controle sobre o acesso ao medicamento. Com a alta demanda, já há relatos de falsificações sendo vendidas pela internet e até mesmo em clínicas clandestinas. A Anvisa ainda não aprovou oficialmente o uso do Mounjaro para obesidade ou emagrecimento no Brasil, o que limita o acesso legal ao medicamento no país.

embalagem e ampola de remédio para diabetes usado para emagrecimento
Diversos remédios indicados para pacientes com diabetes passaram a ser conhecidos como “canetas emagrecedoras” (Foto: Unsplash)

Uso consciente e futuro da tirzepatida

Apesar das polêmicas, a eficácia do Mounjaro para tratar a obesidade é inegável. Tanto que pesquisadores acreditam que estamos diante de uma nova era nos tratamentos contra o excesso de peso. Com medicamentos que podem, no futuro, substituir procedimentos invasivos como a cirurgia bariátrica em alguns casos.

Entretanto, a recomendação de endocrinologistas e nutrólogos é clara: só use medicamentos como o Mounjaro sob orientação médica. E sempre como parte de um plano mais amplo, que inclua reeducação alimentar, prática de atividades físicas e acompanhamento psicológico, quando necessário.

Quer receber notícias no seu celular? Então entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui        

perfil Luciano Balarotti
Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.