Duas jovens que sofreram crises de ansiedade procuraram a RIC Record TV para denunciar, segundo elas, os abusos que sofreram na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alto Maracanã, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Ambos relatos são idênticos e ocorreram na noite do último sábado (16). (Assista vídeo abaixo)

O primeiro atendimento ocorreu por volta das 20h. Na ocasião, Raíssa da Silva estava no grupo de estudo de sua igreja quando sofreu uma crise de ansiedade. Ela foi levada para a UPA, mas no local, conforme seu relato, a equipe médica que fez seu atendimento desdenhou da gravidade da situação e alguns profissionais chegaram a declarar que ela “estava possuída” ou “mentindo”

“Eu escutava as enfermeiras rindo e falando que eu estava endemoniada, que era frescura. Eu não estava bem e o médico falou que eu já estava de alta, não me deu nenhum papel, não me falou nada. Só me tirou da maca e pediu para eu ir embora. Eu escutar tudo aquilo, eles falando que era frescura tudo o que estava passando”,

relata emocionada. 

Conforme Raíssa, além do desrespeito, ela também sofreu falta de empatia e cuidado no tratamento físico. “O enfermeiro chegou dando soco no meu peito, fazendo movimento muito forte. Eu tive que ficar implorando para ela deixar eu ir ao banheiro. Ela tirou meu soro com tanta força que meu braço ficou roxo”, completa. 

Cerca de uma hora depois, foi a vez de Rebecca de Mello, de 18 anos, ser atendida na mesma UPA. Ela estava na igreja quando passou mal e afirma que não recebeu o tratamento que achou que deveria. Diagnosticada com Transtorno de Ansiedade e Síndrome do Pânico, a jovem tem tido crises nos últimos cinco anos, mas conforme conta – assim como Raíssa – a equipe médica também desprezou sua condição e também fez piadas relacionadas com a religião.

“É só mais uma que chegou endemoniada, é só mais uma que chegou da igreja. Nisso, as enfermeiras que estavam na sala começaram a questionar, falando que eles acreditavam, uma até falou que estava vendo o demônio perto de mim e começaram a dar dicas de como eu me suicidar. Eles falaram: ‘Esse povo de hoje em dia acha que ansiedade e só ansiedade e vai se matar. Quer se matar? Se joga logo na frente de um carro”,

conta a paciente. 

Agora, ela explica que está apreensiva porque diz não querer voltar para a UPA caso precise de ajuda novamente. “Quando eu deito, eu penso: ‘Meus Deus, o que aconteceu sábado?’. Se eu tiver uma crise agora, para onde eu vou correr? Se eu tiver uma convulsão agora, eu vou para onde? Porque o local mais próximo da minha casa não tem o atendimento que eu preciso”. 

Indignada, Rebecca usou as redes sociais para fazer um desabafo e foi depois da postagem que conheceu Raíssa. Ao ler a história da outra jovem, Raíssa entrou em contato para relevar que havia passado pela mesma situação. 

Relato feito por Rebecca na Internet. (Foto: Reprodução/Grupo RIC)

As jovens e suas mães procuraram o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) para denunciar os atendimentos. 

O que diz a Secretaria de Saúde 

A Secretaria Municipal de Saúde nega que tenha acontecido algo de errado nos dois atendimentos. O diretor-técnico alega que a equipe médica seguiu todos os protocolos de atendimento com as duas pacientes. 

“Elas chegaram, foram prontamente atendidas, não demorou um minuto sequer. O atendimento nosso objetiva o bem-estar do nosso paciente, de forma alguma nós estamos aqui para dar um atendimento inadequado”,

declara José Sebastião da Silva. 

José também ressalta que as jovens não fizeram nenhuma reclamação na ouvidoria do município e que imagens de dentro da UPA vão provar que não existiu nada de errado no atendimento. 

Veja a reportagem completa: