Paraná - O Paraná é o estado que mais realiza implantes cocleares no Brasil, com média de 17,42 procedimentos por milhão de habitantes em 2024, segundo dados do DataSUS. O avanço na área foi significativo, uma vez que, em 2016, o estado ocupava a 13ª posição no ranking, com apenas 2,13 procedimentos por milhão de habitantes. Para pacientes que têm perda de audição ou surdez, o implante é indicado nos casos em que o tratamento com aparelhos auditivos convencionais não oferece resultados satisfatórios para garantir uma boa qualidade de vida.

Implante coclear em idosa
Idosos estão entre os pacientes que realizam o implante (Foto: imagem ilustrativa / Freepik)

Por mais que os números sejam expressivos no comparativo anual, a abrangência ainda é pequena para a quantidade de casos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, mais de 10 milhões de brasileiros têm algum grau de deficiência auditiva. O dado corresponde a cerca de 5% da população. Porém, a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que quase 2,5 bilhões de pessoas no mundo viverão com algum grau de perda auditiva até 2050. Neste cenário, o número é equivalente a um quarto da população global. Atualmente, segundo a OMS, apenas 1% a 2% das pessoas que se beneficiariam de um implante auditivo utilizam essa tecnologia.

“O implante coclear é um dispositivo colocado através de um procedimento cirúrgico capaz de fazer pessoas que não escutam ou que não têm mais benefícios com o uso de aparelhos auditivos convencionais voltarem a escutar”, explica Neilor Bueno Mendes, otorrinolaringologista e coordenador do Ambulatório de Implante Coclear no Hospital Angelina Caron (HAC), instituição que está entre as três maiores do país na área.

Hospital do Paraná faz mais de 150 implantes coclerares por ano

Em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, o hospital realiza mais de 150 implantes por ano. Para 2025, no entanto, a expectativa é de um aumento na taxa, visto que os relatórios apontam uma média de 15 procedimentos realizados por mês neste primeiro trimestre.

Os pacientes aptos a realizar o implante passam por uma análise que inclui avaliação médica, fonoaudiológica e exames de imagem. O implante coclear pode ser realizado em qualquer idade a partir dos 6 meses — desde bebês, passando por crianças, adultos e idosos.

O especialista conta que, no HAC, a paciente mais jovem tem 8 meses de idade, enquanto a mais idosa tem 82 anos.

“O implante coclear não tem limite de idade, seja para bebês ou idosos, mas a indicação depende de uma avaliação rigorosa feita por uma equipe multidisciplinar”, afirma.

Tratamento

Independentemente da idade, o tratamento pode transformar vidas ao contribuir para a melhora da convivência social, do desenvolvimento cognitivo e da atuação profissional em diferentes contextos. Mesmo pessoas que não são completamente surdas e conseguem ouvir com o auxílio de aparelhos convencionais, mas que, em ambientes barulhentos ou com muitas pessoas, dependem da leitura labial para compreender o que está sendo dito, podem ter uma melhora significativa na qualidade de vida com a escolha do implante.

Cada caso é único, mas, diferentemente dos aparelhos auditivos tradicionais, que amplificam os sons e os transmitem para a orelha, os implantes cocleares transformam os sons em impulsos elétricos e estimulam diretamente o nervo auditivo, substituindo a função da cóclea, estrutura localizada no ouvido interno. Segundo o Dr. Neilor, ambos os dispositivos têm papéis fundamentais no processo de reabilitação auditiva, pois um não substitui o outro, eles se complementam em diferentes etapas do tratamento.

“Apesar do implante coclear existir há anos e ser fornecido pelo Sistema Único de Saúde e pelos convênios, ele ainda é um mistério para a maioria da população. A quantidade de pessoas que têm perda de audição e que se beneficiariam com o procedimento, mas que nem sabem que a possibilidade existe é gigantesca. Por isso, a disseminação do tratamento é fundamental para que consigamos, cada vez mais, trazer as pessoas para o mundo dos sons”, finaliza o médico.

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Jonathas Bertaze

Repórter

Jonathas Bertaze é formado em Jornalismo desde 2023, pós-graduado em Assessoria, Gestão de Comunicação e Marketing e especializado na cobertura de pautas de Segurança, como crimes e acidentes, além de Cotidiano e Loterias, com resultados da Caixa Econômica.

Jonathas Bertaze é formado em Jornalismo desde 2023, pós-graduado em Assessoria, Gestão de Comunicação e Marketing e especializado na cobertura de pautas de Segurança, como crimes e acidentes, além de Cotidiano e Loterias, com resultados da Caixa Econômica.