Mais de 467 toneladas de carros serão prensadas, recicladas e retiradas do pátio da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, em Curitiba. O terreno será liberado para construir o Hospital da Beneficência Árabe do Paraná. O cronograma prevê que o estudo do solo e a fundação do prédio comecem ainda neste ano. A expectativa é que as obras sejam concluídas no segundo semestre de 2016.
Nesta quarta-feira (2), os representantes da Secretaria Estadual da Segurança Pública, do Tribunal de Justiça do Paraná, da Procuradoria Geral do Estado e do Departamento de Trânsito (Detran) fizeram uma visita técnica no local.
O Hospital da Beneficência Árabe do Paraná será um hospital geral, com 230 leitos, 50 UTIs e atendimento nos moldes do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. “Serão 53 mil m² de área construída. Um prédio com três blocos: uma unidade hospitalar, uma área de apoio e diagnostico terapêutico e uma área destinada ao ensino e pesquisa”, adianta Fernando César de Oliveira, engenheiro responsável pela obra.
Reciclagem de ferro velho
Os veículos do pátio da delegacia irão passar por um processo de reciclagem que é inédito no Paraná. O processo vai transformar 501 automóveis, 306 motos, 6 semirreboques e 11 caminhões – que estavam parados há mais de 10 anos no pátio por bloqueios policiais – em material de construção, como pregos, pó de ferro, arame farpado, entre outros.
O quilo de material foi arrematado por R$ 0,47, pela empresa Gerdau, que vai fazer a reciclagem na sua fábrica em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. O Detran arrecadará aproximadamente R$ 219 mil no leilão e o recurso será destinado para pagamento das despesas do Estado com os veículos. No caso dos carros com processos judiciais, o valor correspondente será depositado em uma conta vinculada ao processo. Eventuais sobras serão destinadas ao Fundo Estadual de Segurança Pública.
“Este novo modelo evita o descarte e acúmulo de lataria nos pátios do Governo. É uma maneira de esvaziar os pátios da autarquia e encontrar uma solução sistêmica para a situação dos veículos abandonados sob nossa responsabilidade, que demandam espaço, segurança e cuidados e, por isso, geram custos”, explica o diretor administrativo financeiro do Detran, Ivaldo Patricio.
Como a maioria dos veículos era roubada e sofreu alterações, como adulteração de chassi e características básicas, foi impossível a devolução ao devido proprietário. “Para a delegacia essa situação era um problema, que se agrava com o passar do tempo, tendo em vista a falta de uma legislação que regule a venda e destruição desses veículos. Tínhamos um veículo apreendido, já periciado e sem mais nenhuma utilidade, tanto para a Justiça quanto para o dono, que na maioria das vezes é impossível de ser encontrado.” reforça o delegado Cassiano Aufiero.
“Todos os veículos tinham uma ordem judicial e isso inviabilizava qualquer tipo de remoção. Por isso, o TJ, em conjunto com a Corregedoria Geral de Justiça, acionou os juízes para que levantassem as restrições ou autorizassem a venda.” conta Guilherme Denz, juiz do Tribunal de Justiça do Paraná.
Estima-se que os pátios do Detran e da Polícia Militar abriguem cerca de 33 mil veículos apreendidos. Os principais motivos são: falta de pagamento do Licenciamento; condução do veículo com equipamentos e características alterados; veículo com equipamentos defeituosos / avariados.