O uso de pílulas do sono, prática comum entre milhões de pessoas no mundo, pode estar ligado a efeitos colaterais mais graves do que se pensava. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia-São Francisco (UCSF) revelou que medicamentos amplamente utilizados para tratar insônia como o zolpidem e benzodiazepínicos estão associados a um aumento expressivo no risco de demência, além de provocarem pesadelos intensos e recorrentes.

pessoa tomando remédio para ilustrar pílulas do sono
São eficazes no curto prazo, mas esses remédios têm sido cada vez mais questionados devido aos efeitos colaterais e ao risco de uso prolongado (Foto: Ilustração/Canva)

A pesquisa analisou dados de mais de 3.000 adultos com 70 anos ou mais. Os participantes eram inicialmente saudáveis, sem sinais de comprometimento cognitivo. Contudo, aqueles que faziam uso regular de pílulas do sono apresentaram risco de desenvolver demência em comparação com quem não utilizava esses medicamentos.

Pesadelos intensos como sinal de alerta

Além do impacto cognitivo, o estudo identificou que usuários frequentes de pílulas do sono relataram uma frequência maior de pesadelos vívidos e perturbadores, fenômeno possivelmente relacionado à alteração do ciclo REM do sono, estágio fundamental para a consolidação da memória e o equilíbrio emocional.

“Pesadelos são mais propensos a ocorrer em momentos estressantes da vida. Medicamentos também podem desencadear pesadelos, assim como algumas condições de saúde mental”, segundo um artigo publicado no blog Sleep Foundation.

Fármacos sob observação: zolpidem, lorazepam e outros

Entre os medicamentos propensos a causar demência a longo prazo e pesadelos, destacam-se:

  • Zolpidem (popularmente conhecido como Stilnox)
  • Lorazepam
  • Diazepam
  • Temazepam
  • Trazodona
pessoa dormindo para ilustrar qualidade de sono
Especialistas alertam que o uso contínuo por semanas ou meses transforma um “alívio rápido” em um problema crônico, assim, não recomendam (Foto: Ilustração/Canva)

Todos esses remédios atuam sobre o sistema nervoso central, promovendo relaxamento e indução ao sono. Entretanto, seu uso contínuo especialmente sem acompanhamento médico tem sido associado a alterações estruturais no cérebro, como perda de volume cerebral em áreas ligadas à memória e ao aprendizado.

Especialistas pedem cautela no uso

Embora os medicamentos para dormir possam ser úteis em situações de curto prazo, especialistas recomendam cautela no uso prolongado. A abordagem ideal para casos de insônia crônica, então, é o tratamento comportamental, por meio da chamada Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I).

pessoa tomando pílula para dormir
A terapia é mais eficaz a longo prazo e além disso não carrega os riscos neurológicos desses medicamentos (Foto: Ilustração/Canva)

“A TCC-I trata o ciclo vicioso da insônia. Se trata de um tratamento psicológico, uma terapia breve e estruturada que visa auxiliar o paciente a reestabelecer um sono de qualidade”, explica a psicóloga Barbara Conway.

Alternativas seguras para dormir melhor

Assim, diante dos riscos, especialistas indicam algumas estratégias seguras para melhorar a qualidade do sono sem recorrer a pílulas:

  • Evitar telas (celular, TV e computador) ao menos uma hora antes de dormir
  • Manter horários regulares para dormir e acordar
  • Evitar cafeína, álcool e refeições pesadas à noite
  • Praticar atividades relaxantes como leitura ou meditação
  • Procurar ajuda médica ao persistirem os sintomas de insônia

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Mahara Gaio

Repórter

Jornalista formada pela Universidade Positivo e pós-graduada em Jornalismo Digital. Produz pautas com foco em Clima e Tempo, além de Segurança, com ênfase em crimes e acidentes de repercussão no Paraná.

Jornalista formada pela Universidade Positivo e pós-graduada em Jornalismo Digital. Produz pautas com foco em Clima e Tempo, além de Segurança, com ênfase em crimes e acidentes de repercussão no Paraná.