Protetores solares que contêm uma substância química chamada octocrileno podem representar um risco de câncer se usados após o vencimento, é o que diz uma pesquisa feita por cientistas americanos e franceses.
De acordo com o estudo, publicado na revista científica Chemical Research in Toxicology, com o tempo, o octocrileno pode de fato se tornar prejudicial e se tornar cancerígeno quando produz outro composto chamado benzofenona.
Para a realizar a pesquisa, eles testaram produtos de marcas conhecidas mundialmente, compradas em lojas nos Estados Unidos e na França, e envelheceram artificialmente os protetores solares.
Didier Stien, um dos autores do conteúdo, explica que até a realização do estudo ainda não era de conhecimento da comunidade científica que o octocrileno degradado se transformava em benzofenona. “Quando está na pele, a benzofenona pode induzir a dermatite. Ela pode causar câncer, especialmente câncer de fígado. É uma molécula que afeta a função da tireóide e atrapalha o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos. Até onde sabemos na literatura científica e em geral, ninguém [antes deste estudo] havia demonstrado que o octocrileno se degrada em benzofenona”.
Com a descoberta, Stien e seus colegas querem alertar tanto os fabricantes, como os consumidores sobre o perigo do composto químico, além de esperar que as autoridades de todo mundo proíbam a fabricação de protetores solares à base de octocrileno.
“Há literatura científica suficiente para argumentar que os produtos de octocrileno/benzofenona podem representar uma ameaça à saúde pública e individual. Várias jurisdições, incluindo as Repúblicas de Palau e as Ilhas Marshall, bem como as Ilhas Virgens dos EUA, baniram o octocrileno em protetores solares e produtos cosméticos, a partir de janeiro de 2020. É aceitável que haja necessidade de dados mais refinados e rigorosamente produzidos, imparciais sobre a exposição e toxicidade desses produtos químicos e dos produtos que os contêm”, escreveram os cientistas na conclusão do estudo.
Já a Cosmetic Toiletry & Perfumery Association, que representa todo o tipo de empresas envolvidas na fabricação, fornecimento e comercialização de produtos cosméticos e de higiene pessoal do Reino Unido, declarou que o novo estudo não mostra que os filtros solares contendo octocrileno representam qualquer risco para a saúde dos humanos, mas apenas que as impurezas de benzofenona podem existir após a fabricação de produtos de proteção solar.