No Brasil, 694 mil pessoas têm a doença diagnosticada, e outras 136 mil pessoas a teriam sem saber (Foto: Cesar Brustolin/SMCS)

Nesta sexta (1) é celebrado o Dia Mundial de Combate à Aids

Quase metade dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos com HIV não tomam antirretroviral, diz uma estatística preocupante do Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, lançado na quinta-feira passada (23) pelo Ministério da Saúde. São 44% os desprotegidos nessa faixa de idade, que tem uma percepção de pouco risco da Aids e tendem a se cuidar menos.

Muitos dos outros dados da doença, no entanto, mostram um cenário de estável para melhor no país nos últimos anos, dando margem para um otimismo contido, ou menos pessimismo, neste 1de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids. 

O total de novos casos no Brasil foi de 48 mil em 2016, 47 mil em 2010. Considerado o aumento da população no período, pode-se falar em estabilidade e até em uma tendência de recuo.

No resto do mundo, a queda de novos casos foi de 11% na comparação entre 2016 e 2010, mas o número deve ser comemorado com cautela, porque em alguns países a redução mal significa sair de uma situação de calamidade – ainda há diversos países da África subsaariana com mais de 5% da população infectada.

No Brasil, 0,33% da população (694 mil pessoas) têm a doença diagnosticada, porcentagem que sobe para 0,40% (830 mil pessoas) quando somados aqueles que vivem com HIV sem saber disso, segundo estima o relatório do Ministério da Saúde. Pode-se, portanto, afirmar que aproximadamente uma a cada seis com HIV no Brasil tem a doença mas não o seu diagnóstico.

Segundo a UNAids, o percentual de brasileiros infectados, na faixa etária 15-49 anos, pode chegar a 0,70%.

As mortes por Aids, no Brasil, são de cerca de 14 mil pessoas por ano.

Metas quase cumpridas

Aumentou razoavelmente – 85% para 91% – o total de pessoas no Brasil que, tomando antirretroviral há mais de seis meses, conseguiram a chamada supressão viral, que é a carga abaixo de mil cópias de vírus para cada miligrama de sangue. Quando menor a carga, menor é a chance de o portador do HIV transmiti-lo.

Se há descuido entre os jovens, a população como um todo é mais cuidadosa – mais de 500 mil das 694 mil pessoas com HIV no Brasil estão em tratamento. Além disso, os pacientes estão começando a se tratar, em média, pouco mais de um mês depois do diagnóstico, intervalo que, alguns anos atrás, passava de cinco meses.

A UNAids trabalha com as metas 90-90-90, referentes a 90% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas, 90% das diagnosticadas em terapia antirretroviral e 90% das diagnosticadas em terapia antirretroviral com supressão viral.

Esses números têm que ser atingidos até 2020. Hoje, segundo a Unaids, citados dados que diferem um pouco dos divulgados no relatório do Ministério da Saúde, os índices brasileiros são 87-74-90.

Enquanto o Brasil se firma como referência no tratamento de HIV, em outros países as melhorias demoraram a chegar ou refletir, o que enfim vem acontecendo. A passagem da doença de mãe para filho, por exemplo, diminui significativamente – o total de novas crianças infectadas no mundo a cada ano caiu praticamente pela metade desde 2010.

O total de mortes relacionadas à Aids caiu de 1,9 milhão, em 2005, para pouco mais de 1 milhão no ano passado.

Grupos mais afetados 

Para falar dos grupos mais afetados pelo HIV, a UNAids usa o termo populações-chave. Na maioria dos países, essas populações são as que injetam drogas, profissionais do sexo, pessoas transgêneros, pessoas privadas de liberdade, homens gays, homens que fazem sexo com homens e seus parceiros sexuais.

A UNAids combate a criminalização e a estigmatização desses grupos. No Brasil, uma resolução da Anvisa proibindo homossexuais de doarem sangue foi parar no STF, questionada como discriminação.

No Paraná

Em 2010, 672 pessoas tiveram o vírus diagnosticado no Paraná. Em 2016, o número foi de 2.361, um aumento de 350%. Vale notar, porém, que os testes ficaram mais acessíveis no período.

Em inúmeros municípios, testes rápidos podem ser feitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Em Curitiba, há também o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA).

Desde agosto, outra opção é o autoteste rápido à venda nas farmácias brasileiras.

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