Durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (18), para anunciar a prorrogação da situação de bandeira vermelha em Curitiba e novas medidas de combate à covid-19, a secretária municipal de saúde, Márcia Cecília Huçulak, alertou que a capital paranaense enfrenta agora uma versão mais difícil de combater a doença.
“Essa nova variante é uma nova covid que nós estamos enfrentando, com um perfil muito mais desafiador para o sistema de saúde. […] O que nos assusta é que semana passada nós abrimos 240 leitos clínicos nas UPAs e 50 leitos de UTI e na sexta-feira de manhã, todos estavam esgotados”, disse a secretária.
Huçulak explicou que em 2020 existia um intervalo maior entre a infecção e a necessidade de hospitalização dos pacientes. No entanto, a evolução da nova variante se mostra mais rápida e faz com que as pessoas precisem de internamento mais rápido do que no ano anterior.
“Nós estamos vivendo um novo momento da doença covid. O vírus que a gente conhecia, que chegou no ano passado, com essa nova variante é um outro tipo. […] A doença se aumentava os casos uma semana, na semana seguinte, aumentavam as internações e na outra UTIs e óbitos. Então, a gente tinha um tempo em que a gente conseguia se organizar. O que mudou com essa nova variante é que esse interstício que a gente tinha entre o aumento de casos, depois o aumento de internação, ele veio grudado. Hoje nós temos o paciente que nem exame tem ou ele testou, começou com os sintomas e em três, quatro dias, ele está chegando em nossas UPAs, na rede privada igual”, declarou a secretária, que ainda pontuou que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem recebido muitos pacientes da rede privada porque ela também está em vias de esgotamento.
Leitos 100% ocupados
Huculak também lembrou que na quinta-feira (18), Curitiba atingiu a ocupação máxima em seus leitos de UTI e enfermaria exclusivos para covid-19. Segundo ela, caso a sociedade não se conscientize e colabore com as medidas restritivas, além da falta de leitos, poderemos enfrentar também a falta de medicamentos para os pacientes da doença.
“Ontem nós batemos a casa de 100% da ocupação de leitos, infelizmente, com todas as alternativas que nós temos buscando junto a rede pública e privada. Uma preocupação grande que a gente, especialmente, os hospitais é a aquisição de medicamentos neurobloqueadores musculares, que são medicações usadas para intubar o paciente e mantê-lo intubado e drogas vasoativas que já começam a fazer falta”, ressaltou. A secretária pontuou, no entanto, que a rede municipal está abastecida dos medicamentos, no entanto, gestores da rede privada têm entrado em contato com ela para solicitar os fármacos. “Inclusive, um diretor de um grande hospital, que atende só a rede conveniada, me disse ontem que tinha parado inclusive fazer endoscopia, todos os exames diagnósticos por conta de preservar toda essa medicação para os pacientes que lá estavam internados em uma situação muito grave”.
Ela ainda destacou que os casos ativos de covid-19 têm caído na capital paranaense graças às restrições impostas nas últimas semanas. Porém, para que o número não volte a subir, é preciso que todos colaborem nos próximos dias. “Embora a gente venha percebendo uma diminuição de casos ativos, e isso é resultado do esforço que a sociedade curitibana fez do lockdown, ainda não precisamos mais um esforço para diminuir a circulação. Senão, todo o esforço que nós fizemos até hoje, se voltarmos a circular, nós perdemos novamente. Então, são mais alguns dias para a gente poder ter alguma serenidade”.
“Não é normal como ontem a gente anunciou 44 óbitos. Não é normal, não é humano, não é civilizatório, é a barbárie. Muitos desses óbitos são evitáveis, pessoas não morreriam, independente da idade de que for, se não tivessem encontrado com o vírus”, falou Huçulak.
Para finalizar sua fala, assim como o prefeito Rafael Greca, a secretária de saúde ressaltou que a vacina é a única solução atual para a pandemia. Ela lembrou que o uso de medicamentos não comprovados contra a covid-19 parece surtir efeito porque 92% dos infectados pelo novo coronavírus não desenvolvem casos graves e que vítimas fatais não podem contar que tentaram os tratamentos duvidosos: “Os mortos não voltam para falar que tomaram as drogas e morreram”.
