Tripofobia: significado, causas, sintomas, tratamento, imagens e teste

A tripofobia é o nome dado a uma suposta fobia causada por padrões irregulares ou agrupamentos com inúmeros buracos e saliências, muito próximas umas das outras. Apesar de não ser considerada uma doença, milhões de pessoas ao redor do mundo já relataram os sintomas. Sofre deste transtorno, ficou curioso, ou quer fazer o teste para ver se tem tripobolobia? O RIC Mais esclarece agora tudo sobre o assunto.

Qual é o significado de tripofobia?

O nome vem do grego: trýpa “buraco”, e phóbos “medo”, que em sua tradução literal significa medo de buracos.

Acredita-se que a suposta fobia tenha sido batizada em 2005, em um fórum on-line. O primeiro relato de tripofobia teria sido feito em 2009, por um estudante americano através de uma página do Facebook. O autor da mesma notou que sofria de uma repulsão exagerada ao ver imagens de buracos e por consequência decidiu compartilhar com a comunidade para ver se mais alguém sentia o mesmo. Logo depois, a página se popularizou e o termo também.

Tripofobia existe? 

A existência da tripofobia, se entendida como repulsa às imagens de buracos, é comprovada por incalculáveis relatos. O que não é reconhecida é sua classificação como doença, inclusive, a tripofobia não consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DMS), considerado a ‘bíblia’ da psiquiatria moderna no mundo. No entanto, ainda não existe um consenso sobre o assunto. Enquanto alguns profissionais das comunidades médicas e científicas relutam em tratá-la como uma enfermidade, outros já admitem a sua existência.

Entre os argumentos para o não reconhecimento estão declarações de que quase todas as pessoas apresentam aversão a buracos em tecidos vivos. Logo, não se trata de uma fobia verdadeira, que tem como característica um medo muito mais exagerado, ou seja, apenas uma repugnância não pode ser considerada fobia. Dessa forma, a tripofobia, na verdade, pode ser considerada um fenômeno social dos últimos tempos, impulsionado pela internet e pelo ‘narcisismo virtual’. 

Para o psicólogo Cassio Maeji, especializado em terapia cognitiva comportamental, os estudos apontam que a tripofobia é uma forma de fobia específica. Em síntese, de uma coisa, objeto, ou imagem, que neste caso seriam os buracos reproduzidos repetitivamente.

“No DSM tripofobia não é considerada uma doença mental ainda, então, teve muita discussão de gente fazendo pesquisa para ver se isso era uma fobia ou poderia ser um toque. Hoje, depois de alguns estudos, ela está mais próxima de se encaixar na categoria de fobia específica, ainda que a fobia apresente reações muito mais agressivas do que apenas aversão”, explicou.

Afinal, o que é fobia? 

A fobia é um grave transtorno de ansiedade, que gera medo intenso e um sofrimento significativo a respeito de uma situação, ou objeto. Confira no vídeo da psicóloga Pedrita Reis a diferença entre medo, ansiedade e fobia:

Sobre a alegação de que se trata de um fenômeno da internet, acredita-se que a tripofobia não é comportamento de massa, mas sim um incômodo padrão que atinge muitas pessoas. Mesmo que elas só descubram quando visualizam uma imagem ou vejam sobre o assunto na web.

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Causas

Em 2013, os pesquisadores Arnold Wilkins e Geoff Cole, da Universidade de Essex, no Reino Unido, publicaram o resultado de um dos primeiros estudos feitos sobre a tripofobia.

Na ocasião, a conclusão foi de que a estranha repulsa pode estar enraizada na biologia, ou especificamente, na evolução humana, já que os padrões com buracos lembram formações encontradas na natureza que são perigosas, ou mesmo, altamente letais para o homem. Por exemplo: marcas em aranhas, cobras ou polvos. Dessa forma, a tripofobia está ligada à preservação individual, ou seja, é um mecanismo de defesa do corpo.

“A tripofobia é mais parecida com repugnância do que com medo, e a repugnância é provavelmente uma supergeneralização de uma reação a possíveis contaminantes. O desgosto surge de aglomerados de objetos, e esses objetos não são necessariamente buracos, apesar do nome tripofobia“, disse Arnold Wilkins.  

Já em 2017, outro estudo intitulado de ‘’A tripofobia é uma fobia?’, publicado na National Library of Medicine National Institutes of Health dos EUA, pontuou que o desconforto pode ser uma reação instintiva às características visuais típicas e às propriedades padrão dos estímulos tripofóbicos, e não a associações não-conscientes com animais peçonhentos. O que para seus autores, baseados na China, torna questionável legitimar a tripofobia como fobia. 

Tripofobia na pele

Entre outras hipóteses que justificam a aversão às imagens com numerosos buracos estão a de que padrões de buracos ocorrem em doenças como a varíola ou outras infecções que afetam a pele, por exemplo o sarampo. E, até uma segunda possibilidade, também estudada por Wilkins, que aponta para a matemática. Nela, a causa da tripofobia seria o próprio cérebro com dificuldade de processar esse tipo de imagem.

Sintomas de tripofobia

Enquanto a classificação da tripofobia não é oficializada, milhares de pessoas por todo o mundo afirmam sentir repulsa e até mesmo medo irracional quando observam imagens de buracos ou com padrões irregulares encontradas, por exemplo, em colmeias ou formigueiros. Entre os sintomas da tripofobia, elas declaram sentir:

• coceira;
• repulsa;
• tremores;
• sudorese;
• formigamento;
• enjoos;
• medo irracional;
• aumento dos batimentos cardíacos; 
• crise de pânico em casos mais extremos. 

Tripofobia, como tratar? 

Por se tratar de uma fobia não reconhecida, não existe um tratamento para tripofobia descrito. Ainda segundo o psicólogo Maeji, é importante que pessoas que sintam extremo incômodo ao ver as imagens de buracos passem por uma avaliação médica para que sejam diagnosticadas com exatidão.

“Eu indico terapia para ser diagnosticado de forma correta. Não acho que alguém deveria procurar terapia por ter tripofobia, porque não é algo que deixa sua vida disfuncional. Por exemplo, se você tem medo de voar, ou fobia social, isso sim vai afetar sua qualidade de vida. Agora, se você tem tripofobia, você simplesmente evita olhar para coisas como essas”, afirma o psicólogo.

No artigo ‘Tripofobia: um relato de caso do tratamento do medo de buracos’, publicado na Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, da Universidade de São Paulo (USP), de autoria de Roberta Maia Marco e Giovana Azevedo Reolon, as pesquisadoras trataram de uma jovem, de 24 anos, que afirmou ter todos os sintomas de tripofobia quando avistava imagens com buracos. 

De acordo com a publicação, a tripofobia foi combatida por meio de um “tratamento comportamental compreendido por um pacote de intervenções” como treino respiratório, psicoeducação, hierarquia de estímulos e dessensibilização sistemática. A técnica de enfrentamento junto com todas as outras, por fim, ajudou a paciente a “diminuir (ou extinguir) as respostas fisiológicas diante de imagens que antes lhe causavam desconforto. 

Tripofobia imagens e fotos

Confira algumas imagens que causam horror e medo irracional em quem afirma sofrer de tripofobia: 

Tripofobia teste

Quer saber se você tem tripofobia? O teste de tripofobia é muito eficiente e prático. Basta ver algumas imagens e fotos de buracos, bem devagar, e prestar bastante atenção no que sente. Faça o teste assistindo o vídeo abaixo e nos conte o que sentiu!