Brasil - Você dormiria menos se soubesse que isso pode antecipar o surgimento de doenças cardíacas, enfraquecer seu sistema imunológico e prejudicar sua memória? A falta de sono, tão comum nos tempos modernos, é silenciosa — mas seus efeitos são profundos.

Sono atua no organismo
Dormir bem vai muito além do descanso. É uma necessidade biológica vital para o equilíbrio do corpo e da mente, e a ciência moderna tem revelado com clareza o quão grave é sua privação.
O sono cumpre funções essenciais no organismo. Durante a noite, o cérebro consolida memórias, o sistema imunológico se fortalece e hormônios são regulados. Segundo a “National Sleep Foundation”, adultos precisam, em média, de 7 a 9 horas de sono por noite.
Entretanto, uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz apontou que mais de 60% dos brasileiros dormem menos do que o recomendado — um dado alarmante.

Estudos da “Harvard Medical School” mostram que a privação de sono afeta diretamente a concentração, o raciocínio lógico e a estabilidade emocional. Além disso, pesquisas publicadas na revista “Nature Neuroscience” indicam que noites mal-dormidas aumentam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, comprometendo a saúde cardiovascular e metabólica. Um sono de má qualidade está associado a maior risco de obesidade, diabetes tipo 2, depressão e até Alzheimer.
Um dos pesquisadores mais renomados do tema, Matthew Walker, professor da Universidade da Califórnia e autor do best-seller “Why We Sleep” (Por Que Nós Dormimos), defende que o sono deveria ser encarado como pilar da saúde ao lado da alimentação e da atividade física. Ele afirma que “o sono é o maior sistema de cura natural que temos à disposição — e o mais negligenciado”. De fato, dormir bem pode melhorar a produtividade, a criatividade e até aumentar a expectativa de vida.
Fases do sono
Mas o que é, afinal, “dormir bem”? O sono reparador envolve passar por todas as fases dos ciclos do sono, especialmente o sono REM (movimento rápido dos olhos), que ocorre em média 90 minutos após adormecer. É nesse estágio que o cérebro realiza tarefas essenciais de reorganização, como o processamento emocional e a fixação de lembranças.
Interrupções frequentes ou um ambiente inadequado — como excesso de luz, ruídos ou uso de telas antes de dormir — comprometem essa arquitetura do sono.

A Sociedade Brasileira do Sono recomenda hábitos simples que podem transformar a qualidade do descanso. Estabelecer horários regulares para dormir e acordar, evitar cafeína após as 16h, manter o quarto escuro e silencioso, e reduzir o uso de eletrônicos antes de deitar são práticas cientificamente eficazes. Além disso, em casos de insônia persistente, buscar acompanhamento médico especializado é fundamental.
Vale lembrar que a necessidade de sono varia conforme a idade e o cronotipo — o ritmo biológico de cada pessoa. Crianças e adolescentes precisam de mais horas, enquanto idosos, embora durmam menos, ainda necessitam de sono profundo. Também é importante respeitar o próprio relógio biológico, sempre que possível, para favorecer o equilíbrio hormonal e emocional.
Dormir bem não é luxo, é necessidade. Se você vem negligenciando suas noites de sono, talvez seja hora de reavaliar suas prioridades. Afinal, sua saúde — física, mental e emocional — começa com o simples ato de fechar os olhos. A ciência já provou: o sono é um investimento que traz retorno em todos os aspectos da vida.