A Rússia pretende vacinar toda a América Latina contra a covid-19. Conforme Kiril Dmitriev, chefe do fundo estadual responsável para assinar contratos de vendas e distribuição com outros países, Brasil e México são as regiões prioritária no desenvolvimento e produção da vacina Sputnik V.

“Queremos salvar pessoas na Rússia, na América Latina e em todo o mundo”, disse Dmitriev, diretor do Fundo para Investimentos Diretos da Rússia (FIDR), por videoconferência.

Desde que o presidente russo Vladimir Putin anunciou o registro da primeira vacina russa contra o coronavírus os países latino-americanos, que estão entre os mais afetados no mundo estão mais interessados ​​do que ninguém em receber as primeiras doses.

Em resposta, a Rússia optou pela América Latina como plataforma não apenas para a venda do Sputnik V, mas também para análises clínicas, transferência de tecnologia e produção conjunta.

“A América Latina é uma prioridade. Primeiro porque seus países são amigos da Rússia e segundo porque a América Latina está aberta a uma análise honesta da vacina russa”, explica Dmitriev.

Além disso, Putin lembrou que o surgimento da vacina despertou grande entusiasmo na América Latina, Ásia e Oriente Médio, enquanto alguns países do que chamou de “mundo ocidental” reagiram com “grande inveja”.

Demanda de 400 milhões de doses

A demanda pela vacina russa no continente americano hoje chega a 400 milhões de doses, cerca da metade do total mundial.

Ainda conforme Kiril Dmitriev “quase todos os países latino-americanos” entraram em contato com Moscou, que lhes forneceu os resultados das fases um e dois de testes da vacina para esclarecer dúvidas.

Brasil e México, os pioneiros

A Rússia está voltada para os dois países mais populosos do continente: o Brasil, o terceiro país do mundo com mais casos de coronavírus (mais de 4,2 milhões), e o México, o sétimo na lista (mais de 650.000) atrás da Rússia, Peru e Colômbia.

“O Brasil é um parceiro estratégico da Rússia. Vamos produzir a vacina e também fazer análises clínicas” em seu território, frisou, e especificou que os acordos correspondentes já foram assinados.

Na sexta-feira (11), foi anunciado o acordo com a Bahia para o fornecimento de 50 milhões de doses.

Já o acordo feito com o Paraná, que também se comprometeu com Rússia e China a testar as vacinas em humanos, inclui transferência de tecnologia para a produção dos imunizantes de modo independente.

Além disso, Dmitriev está otimista quanto ao momento e prevê que “alguns países latino-americanos” receberão o Sputnik V já em novembro, mas tudo depende da aprovação dos órgãos reguladores de cada um dos países, embora acredite que até dezembro muitos já vão poderão vacinar sua população.

“Por isso estamos acelerando o ritmo de trabalho, para aumentar a produção e poder distribuir grandes volumes de doses” antes do final do ano, afirma.

O chefe do FIDR, que recebeu encomendas de cerca de trinta países com metade da população mundial, estima que este ano serão produzidas no exterior mais de 200 milhões de doses da vacina russa, número que em 2021 ultrapassará 500 milhões.

Além disso, já foram recrutados os 40 mil voluntários para a conclusão da terceira fase das análises clínicas, a última etapa de testes em humanos antes de uma possível comercialização do imunizante.

Os primeiros resultados dessa fase serão conhecidos em outubro.