Há uma década, time vivia apogeu com título mundial ganho em jogo contra o Barcelona
Primeiro clube a conquistar o tricampeonato nacional, nos anos 1970, e campeão mundial há dez anos, o Internacional fracassou noo Campeonato Brasileiro 2016 e vai disputar a Série B pela primeira vez na história. O rebaixamento foi sacramentado após o empate com o Fluminense, por 1 a 1, no Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita.
Na última década, o time viveu momentos marcantes, a começar por 2006, o maior ano da sua história. Há dez anos, o Inter viveu seu apogeu. De volta a Libertadores após 13 temporadas sem participar do torneio continental, o clube gaúcho teve a sua temporada mais gloriosa. Em agosto, conquistou sua primeira Libertadores. Na final, venceu o São Paulo por 2 a 1 no Morumbi e empatou em 2 a 2 no Beira-Rio. Fernandão, morto em acidente de helicóptero em 2014, foi o artilheiro da competição, com cinco gols.
Mas a maior glória da história do clube viria quatro meses mais tarde. O título da América credenciou o Inter para disputar o Mundial de Clubes da Fifa, no Japão. Após vencer o Al-Ahly por 2 a 1 na semifinal, o time fez a grande final diante do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, à época o melhor jogador do mundo. Adriano Gabiru marcou o gol da vitória por 1 a 0 em Yokohama. O mundo foi pintado de vermelho, e uma dupla de dirigentes entrou para a história: Fernando Carvalho, que encerrava seu segundo mandato como presidente, e Vitório Piffero, vice de futebol e recém-eleito para presidir o clube no biênio seguinte.
“Campeão de tudo”
A ressaca pós-Mundial pegou o Inter, que foi um fiasco no Campeonato Gaúcho e na Libertadores de 2007. O time, último a voltar das férias e a iniciar a pré-temporada, disputou o estadual no modo automático e acabou eliminado ainda na primeira fase – ficou em quarto lugar em seu grupo, quando apenas os três primeiros se classificavam. Na competição continental, também foi eliminado na primeira fase, algo inédito para um time que defendia o título.
A redenção veio no meio do ano. Campeão da América no ano anterior, o Inter disputou a Recopa Sul-Americana diante do Pachuca, do México, que conquistara a Copa Sul-Americana de 2006. Na final, derrota brasileira por 2 a 1 no México, e goleada gaúcha por 4 a 0 no beira-rio.
Os três títulos internacionais em três competições fez o clube disputar a temporada de 2008 com uma coroa sobre o escudo na camiseta – a “tríplice coroa” era algo inédito. E a temporada que se seguiu reservou mais um título continental: o da Copa Sul-Americana, que pela primeira vez acabou conquistada por um clube brasileiro.
A campanha não foi de encher os olhos, mas os adversários deixados para trás até a decisão animaram a torcida. O Inter eliminou o maior rival, o Grêmio, na primeira fase, e o Boca Juniors, algoz em duas ocasiões, nas quartas. Na decisão, o clube gaúcho superou o Estudiantes, da Argentina. O título, o último que faltava na sala de troféus do Beira-Rio, fez o Inter se declarar “Campeão de Tudo”.
Mesmo que o biênio anterior tenha registrado alguns fracassos, as conquistas da Recopa e da Sul-Americana fizeram Vitório Piffero ser reeleito para mais dois anos à frente do clube.
Outra Libertadores
O ano de 2009 não foi de grandes conquistas para o Internacional mas mais uma vez elas vieram. O time perdeu a Recopa Sul-Americana com duas derrotas para a LDU, do Equador, e sucumbiu diante do Corinthians na final da Copa do Brasil. Por outro lado, conquistou a Copa Suruga, no Japão, torneio que reunia o campeão sul-americano e o campeão da Copa da Liga Japonesa no ano anterior, o Oita Trinita. Disputada em jogo único no Japão, a partida foi vencida pelo Inter por 2 a 1. O clube também conquistou o estadual daquele ano.
Ainda em 2009, o Internacional disputou o título brasileiro até a última rodada, mas o troféu acabou ficando com o Flamengo. O vice-campeonato, porém, deu ao time o direito de disputar novamente a Libertadores da América.
A temporada de 2010 devolveu o Inter ao topo da América. O segundo título da Copa Libertadores da América veio aos trancos e barrancos. Sob o comando do uruguaio Jorge Fossati, foi avançando no torneio alternando vitórias e derrotas.
A competição teve uma parada de mais de 40 dias entre as quartas e as semifinais devido à Copa do Mundo na África do Sul. E o vice de futebol da época, Fernando Carvalho, decidiu mudar o comando técnico nesse período: ele demitiu Fossati e contratou Celso Roth.
O retorno de Roth ao time, oito anos após ter sido demitido pelo próprio Carvalho por quase rebaixar o Inter em 2002, foi definido pelo cartola como “a chance de concluir um trabalho”. Roth concluiu da maneira que se desejava: eliminou o São Paulo nas semifinais da Libertadores, e levou o time a duas vitórias na final diante do Chivas, do México.
O bicampeonato da América credenciou o time para mais um Mundial de Clubes da Fifa, dessa vez em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos. A expectativa de conquistar o mundo pela segunda vez era grande, já que o adversário da provável final seria a instável Internazionale.
O Inter de Roth deixou o Brasileirão de lado – disputou o restante da competição alternando a equipe, para “preservar” os titulares. O problema é que a estratégia tirou ritmo de jogo do time e desmotivou o elenco.
Na semifinal do Mundial, o Inter enfrentou o Mazembe, da República Democrática do Congo. Apático, perdeu por 2 a 0 e ficou de fora da decisão. Foi a primeira vez na história que o Mundial de Clubes não foi decidido por um time sul-americano.
Hexa gaúcho e queda
Giovanni Luigi assumiu como presidente do clube em janeiro de 2011 – acabaria reeleito e ficaria na presidência até o fim de 2014, quando Vitório Piffero voltaria a comandar o Internacional.
O time seguiu conquistando pelo menos um título por ano, mas a importância dos troféus foi diminuindo. Em 2011, o clube faturou sua segunda Recopa Sul-Americana ao vencer o Independiente por 3 a 1 no Beira-Rio – no jogo de ida, derrota por 2 a 1 na Argentina.
Naquele mesmo ano, o Inter venceu o campeonato gaúcho e começou uma série de seis conquistas seguidas. O hexa veio em 2016, com duas vitórias na decisão sobre o Juventude.
Em nível nacional e internacional, porém, o clube gaúcho conseguiu pouco destaque. No Brasileirão de 2013, chegou à última rodada com um pequeno risco de queda. À época, a diretoria creditou o desempenho ruim ao fato de ter mandado todos os seus jogos fora do Beira-Rio, que estava sendo reformado em virtude da Copa do Mundo de 2014.
No período, o time ainda disputou três vezes a Libertadores. Em 2011 e 2012, parou nas oitavas de final, e no ano passado foi às semifinais, quando acabou eliminado pelo Tigres, do México.
Sem conseguir vaga na competição continental deste ano, o clube praticamente não reforçou o time em relação à temporada passada. De quebra, emprestou o principal jogador do time, o argentino Andrés D’Alessandro, ao River Plate. Entrou na disputa do Brasileirão sob desconfiança da torcida e da imprensa especializada, algo que há muito não acontecia. A desconfiança se confirmou neste domingo com o rebaixamento.